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Sobre registrar e socializar a prática pedagógica

O que dizem as/os professoras/es da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (MG)?

Lúcia Resende Lomba

Maria Lúcia de Resende Lomba

Pós-doutoranda (2023/2025) em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Pós-doutora em Educação pela Universidade de Lisboa, Portugal. Doutora em Educação pela UFMG, na Linha de pesquisa Infância e Educação Infantil. Coordenadora do Grupo de Estudos e Escrita de Profissionais e Pesquisadores da Educação Básica – GEEPPEB. Editora/organizadora dos dois volumes do livro Relatos e vivências de profissionais na Educação Infantil: reflexões sobre a docência (2021, 2023).

Contato:  mlresende@gmail.com

Liberia Neves

Libéria Neves

Professora da Faculdade de Educação da UFMG, onde também concluí Mestrado e Doutorado na área de Psicanálise e Educação. 

Contato: liberianeves@gmail.com

Introdução

E ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. […]. É digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da alegria sem a qual a prática educativa perde o sentido. […]. É preciso, por outro lado, reinsistir em que não se pense que a prática educativa vivida com afetividade e alegria, prescinda da formação científica séria e da clareza política dos educadores ou educadoras. A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje (Paulo Freire, 1996, p. 53).

Aprendemos com Freire (1996) que a alegria faz parte do processo da busca e não apenas do momento do achado. Aprendemos também, com ele (Freire, 1991, p. 58), que “ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”. Esse tornar-se professor/a é um aprendizado diário, no qual se aprende a refletir sobre a própria prática no mesmo momento da ação e não somente a posteriori (Perrenoud et al., 2001, p. 223).

Freire (1979) ainda nos ensina que a conscientização humana não pode existir sem o ato ação/reflexão, sendo este um modo de ser e de transformar o mundo. Essa inserção crítica na história implica assumirmos o papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo, indicando “que os homens criem sua existência” (Freire, 1979, p. 15).  O fato é que não há uma separação entre a dimensão política da pedagógica. O agir humano constrói a história e cada um é responsável consciente e criticamente nesse fazer histórico, baseado em valores de ações coletivas, focalizando o bem comum da humanidade (Freire, 1996). Nesse contexto, consideramos “imprescindível reconhecer a subjetividade e os conhecimentos que cada docente constrói ao longo da vida profissional” (Lomba; Schuchter, 2023).

No contexto de suas proposições, Nóvoa (2017), estudioso da docência e dos processos de formação de professoras/es, também reafirma a relevância do trabalho pelo bem comum na vida pública de um educador. Em defesa da dimensão coletiva, de construção interna, mas também de projeção externa, afirma: “quero marcar a dimensão colectiva do professorado e trabalhar no sentido de compreender que há um conhecimento e uma responsabilidade que não se esgotam num entendimento individualizado do trabalho docente” (Nóvoa, 2017, p. 1.130).

Nóvoa (2017) propõe, ainda, a necessidade de repensar as nossas instituições e as nossas práticas, a fim de construir programas de formação que nos permitam superar a distância entre a universidade e a educação básica. Quanto a isso, Faria Filho (2017) nos diz da distância que separa os professores e pesquisadores universitários, suas condições de vida e trabalho daqueles que se dedicam à educação básica, sobretudo na rede pública. O autor não desconsidera as contribuições dos grupos que se dedicam à realização de “pesquisas do tipo colaborativo realizadas entre professores universitários e aqueles da escola básica. […]. No entanto, mesmo com todos os avanços, ressalta que a autoria, via de regra, é reconhecida aos pesquisadores acadêmicos” (Faria Filho, 2017, p. 205).

O desafio que se apresenta aqui é, inclusive, o do questionamento às culturas acadêmicas consagradas (muitas revistas, por exemplo, não aceitam publicar textos que não tenham como autor ou coautor uma pessoa com o título de doutor). […]. Outro desafio é inverter a ordem do movimento de colaboração: em praticamente todas as experiências de colaboração que se tem conhecimento, o movimento é da universidade para a escola básica, nunca o contrário (Faria Filho, 2017, p. 206).

Nessa direção, a relação que hoje se estabelece entre os pesquisadores da área de educação e a escola básica, para Faria Filho (2017, p. 204), “implica em recuperar (ou reafirmar) a noção de autoria como uma das importantes dimensões do reconhecimento dos colegas da escola básica”. Com esse argumento, apresenta importante contribuição ao pensar a aula como texto em sua dimensão autoral, além de indicar potencialidades e limites dessa perspectiva, assim como as implicações dessa proposta para as pesquisas sobre currículos.

Faria Filho (2017) nos faz pensar nas condições de vida e trabalho entre os/as professores/as e pesquisadores/as universitários/as e aqueles/as que se dedicam à educação básica, sobretudo na rede pública. É que as experiências sociais vividas pelos/as profissionais da educação básica, como por exemplo, o registro e a divulgação das próprias práticas, assim como as diferentes formas de diálogo entre as instituições escolares e a universidade constituem a profissão docente.

Nóvoa afirma, ao longo de sua obra, que tornamo-nos professoras/es, e isso nos obriga a refletir sobre as dimensões pessoais, profissionais e coletivas do professorado, sendo “imprescindível compreender a complexidade da profissão em todas as suas dimensões: teóricas, experienciais, culturais, políticas, ideológicas e simbólicas” (Lomba; Faria Filho, 2022, p. 1). Trata-se da necessidade de pensarmos em dinâmicas de transformação profunda da formação de professoras/es, tendo como ponto central a produção e consolidação do conhecimento profissional docente, como nos afirma a seguir.

Na profissão docente, a dimensão pessoal é central. A pandemia da Covid-19 tornou ainda mais evidente esta realidade. Por isso, é tão importante cuidar dos professores como pessoas, do seu bem-estar, da sua saúde mental, das suas condições de vida e de trabalho. Nesse sentido, conhecer-se a si próprio é da maior relevância, um conhecimento que deve ser partilhado com os outros. No passado, os professores trabalhavam muito isolados, por vezes em territórios distantes e afastados. Hoje, precisamos do apoio dos outros colegas, de nos inserirmos num coletivo docente. O autoconhecimento faz parte do nosso conhecimento como pessoas e do nosso conhecimento profissional (Nóvoa, p. 13, 2023).

Em entrevista, ao final do ano de 2022, Nóvoa respondeu que é necessário garantir “[…] aos professores espaços e tempos para o desenvolvimento do autoconhecimento e da autorreflexão sobre as dimensões pessoais, profissionais e coletivas do professorado” (Lomba; Faria Filho, p. 2, 2022). Para o entrevistado, desde as últimas décadas, as/os professoras/es vêm perdendo visibilidade pública e a sua voz foi sendo substituída por especialistas, faltando maior presença e participação destas/es profissionais no debate público. De acordo com Nóvoa (2023), a questão central para os professores e sua formação é que, anualmente, em todo o mundo, publicam-se milhares de títulos sobre o tema, contudo, o autor avalia que essa literatura apresenta uma grande falha, ao refletir de modo insuficiente “[…] sobre os professores como detentores de um conhecimento próprio, como produtores de um conhecimento profissional docente. E mesmo quando esta reflexão existe, ela é dinamizada por acadêmicos e não pelos professores da educação básica. Não se pense que é um tema menor” (Nóvoa, p. 12, 2023).

Nóvoa (2023) também argumenta que as pesquisas experimentais ou teóricas conduzidas e escritas por universitários/as e outros/as especialistas são muito importantes, mas insuficientes para devolver toda a riqueza e complexidade da educação. Por outro lado: “os relatos de inovações ou de experiências concretas feitas por professores são muito importantes, mas não são suficientes para compreender toda a dimensão do trabalho educativo (Nóvoa, p. 12, 2023). E em busca da visibilidade do professorado, defende um terceiro tipo de escrita e publicação:

[…] É preciso completar estas duas abordagens com um terceiro tipo de escrita e de publicação, a saber, textos escritos por professores que, com base em vivências pessoais, produzam uma reflexão e sistematização das suas experiências e iniciativas. Não são meros relatos ou narrativas, mas antes um esforço de sistematização que possa desencadear dinâmicas de partilha e ser inspirador para outros educadores noutros contextos (Nóvoa, p. 12, 2023).

Nóvoa (p. 13, 2023) não desconsidera que todas as experiências são únicas por serem realizadas num determinado contexto e por conterem a sua própria história, entretanto, afirma que, mesmo não podendo ser replicadas por outros, “os princípios, as dinâmicas e os resultados destas experiências podem inspirar novos projetos e iniciativas”. Um de seus argumentos principais é o de que, para ser professor/a, é necessário compreender os sentidos da instituição, integrar-se profissionalmente e aprender com os mais experientes numa troca incessante (Nóvoa, 2022).

O que perguntamos e o que responderam os professoras/es da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte – MG      

Foi pensando nesses modos de ser e estar na profissão que, durante o mês de junho do ano de 2023, construímos um formulário contendo duas perguntas referentes ao registro e à comunicação das práticas pedagógicas, o qual foi enviado por e-mail a 22 professoras/es[1] da Rede Municipal de Educação – RME da Prefeitura de Belo Horizonte/MG – PBH.  Além das perguntas, também buscamos conhecer a formação profissional e o cargo público que ocupavam no ano de 2023 na RME/PBH.  O nosso objetivo foi o de conhecer os modos como a registravam, os meios pelos quais a tornavam pública e os defafios que enfrentavam ao tentarem comunicar com seus pares ou para além dos muros da própria escola a sua prática pedagógica. Dos 22 formulários enviados, recebemos 19 respondidos, permitindo-nos realizar as seguintes análises.

Os/as 19 profissionais que responderam ao formulário informaram que ocupavam os seguintes cargos RME/PBH durante o ano de 2023: dez eram Professoras para Educação Infantil; um Diretor de EMEI; três Professoras dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental;  uma Coordenadora Pedagógica na Educação Infantil e Professora de projeto específico no 1º e 2° ciclo do Ensino Fundamental; um Professor de Ciências do 1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental; uma Professora do 1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental; uma Professora de História Anos Finais do Ensino Fundamental; uma Professora para a Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Quanto à formação profissional em educação, tivemos como resposta: dois doutorados; uma doutoranda, sete mestrados; uma mestranda; sete diferentes especializações; e uma graduação em Pedagogia.

Em relação à primeira pergunta, sobre os desafios[2] enfrentados pelas/os professoras/es para registrar e comunicar as suas práticas pedagógicas, as/os participantes apontaram como maior desafio a falta de tempo. Tempo para planejar, escrever, revisar, estudar para divulgar a experiência vivida com a turma, além de necessitarem do apoio da gestão da escola para liberação nos dias dos eventos para comunicar as suas práticas pedagógicas. Outras dualidades também foram mencionadas, como as condições precárias de trabalho relacionadas às condições institucionais; o necessário aprendizado sobre o uso das redes sociais; a rotina exaustiva de trabalho; e a necessária formação de professoras/es em relação ao registro e comunicação da prática pedagógica e falta de meios de divulgação. Como exemplo, apresentaremos algumas das respostas a seguir:

A falta de tempo

O maior desafio é o planejamento do tempo para o registro escrito, sobretudo. Faço alguns registros por fotografia ou vídeo, anoto alguns detalhes de forma resumida naquele corre e corre do dia a dia, mas sinto falta de mais tempo para registrar todo o processo. Escrever e refletir sobre tudo o que foi feito demanda tempo e nem sempre consigo realizar tudo o quanto gostaria (Fabíola Cristina Santos Costa, Professora Anos Iniciais do Ensino Fundamental, 2023).

Em meio a um turbilhão de atividades que nós professores desempenhamos na escola ter momentos de registro e reflexão sobre nossa prática pedagógica é quase impossível, faltam momentos de compartilhamento entre os pares e quase sempre não conseguimos mostrar ou visualizar o excelente trabalho que nós e nossos colegas estão desenvolvendo com as crianças. Essa dificuldade de compartilhar a nossa prática às vezes nos deixa desmotivados. Além do pouco tempo destinado ao estudo e planejamento esta carga horária ainda é utilizada para atendimento às famílias e encontros com a coordenação (Carmozina de Oliveira Silva, Professora para a Educação Infantil, 2023).

Condições institucionais

[…] Tenho um cargo e a cada ano procuro uma extensão da minha jornada de trabalho para complementar minha renda. Quando estou nas escolas, planejo, ensino, troco experiências com meus alunos em meio a ruídos de todos os tipos, […] da falta de estrutura da escola, falta de computadores, falta de acesso à internet, falta de materialidade para exercer a minha prática como, ou próxima a isso, fora planejada. Nós queremos escrever. Queremos contar aos nossos colegas sobre o que fazemos dentro da solidão da sala de aula. Estamos envoltos por estudantes sim; mas nos falta o contato e a troca dialógica com meu colega. Todos no mesmo barco, mas, às vezes, remando em direções diferentes, nunca opostas. Escrever nos daria a capacidade de nos comunicar, de sermos ouvidos, de ampliar a nossa voz. Precisamos escrever, precisamos dialogar, precisamos nos formar por nós mesmos através do conhecimento das nossas práticas cotidianas. No entanto, há o medo de se expor; de falar errado; de não saber o que e como escrever. E há sobretudo a falta de tempo e de recursos para isso. Se passarmos a fase do registro, comunicaremo-nos com quem e em quais condições? Às vezes, penso como João Bosco: “que razão em bater, se ela não vai ouvir?” Quem estará diante do frio papel, se eu e meus colegas não temos tempo de falar sobre a nossa prática; quem dirá ler sobre a prática do outro. Se nos acomodamos e também introjetamos dentro de nós a desculpa da nossa falta de tempo? (Henrique Melo Franco Ribeiro, Professor de Ciências do 1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental, 2023).

 Formação de professoras/es em relação ao registro e comunicação

Falar e escrever sobre aquilo que você faz é importante para entender o método, o processo, os objetivos, o alcance e os desafios da sua prática. Mas escrever para quem? Quais são as técnicas, o modo e a quem nos dirigiremos? Quando sento para escrever sobre a minha prática, penso nisso. Com quais autores conversar e para quem falar. Faço isso pensando na construção da minha história, dentro da Universidade, dentro dos muros da escola e na repercussão para fora deles. Mas há lacunas. Principalmente no afastamento do fazer acadêmico. Como conciliar dois mundos distintos na teoria e que, na prática, deveriam conviver em sintonia? Algo que tenho aprendido ao longo do tempo é sobre a importância da divulgação científica. Divulgação científica na sala de aula, por meio de textos, vídeos, investigações, em feiras de Ciências, revistas, artigos, comunicações orais e por aí vai. E quanto a nós professores? Nós precisamos nos preparar, nos formar, para comunicar sobre o que fazemos, sobre o nosso trabalho. Circular o conhecimento científico dentro da nossa comunidade e em linguagem acessível (Henrique Melo Franco Ribeiro, Professor de Ciências do 1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental, 2023).

Em relação à segunda pergunta, quanto ao registro[3] da própria prática pedagógica,  sobre as mudanças pessoais e profissionais que cada profissional considera mais significativas a partir desse processo de registrar e tornar pública a sua própria prática, tivemos como respostas os exemplos de registros que buscam por uma comunicação com os pares para além dos muros da escola, como exemplo duas professoras citaram os congressos realizados pela RME da PBH; três professoras citaram a publicação de capítulos em livro organizado pelo Grupo de Estudos e Escrita de Profissionais e Pesquisadores da Educação Infantil – GEEPPEI/GEEPPEB; uma professora respondeu que utiliza a sala de aula e a escola e que faz esta conversa sobre a prática por meio da escrita ou da comunicação oral de relatos de experiência, em encontros promovidos pela SMED-BH nas formações continuadas em serviço ou em outras instituições; uma professora respondeu que realiza registros em seu caderno de planejamento e os compartilha nas redes sociais da escola em que exerce a docência; uma professora utiliza um perfil no Instagram[4] criado para este fim e os canais disponíveis nos quais dialoga ao postar os seus trabalhos desenvolvidos na escola; uma professora utiliza as redes sociais da escola, como os grupos de WhatsApp das turmas e turnos da escola, assim como um jornal local da escola em que trabalha, no qual divulga as suas práticas pedagógicas para toda a comunidade escolar. Essa mesma professora também citou a criação de um perfil no Instagram[5] para esse registro e comunicação com os pares, os Congressos Boas Práticas da PBH e os Seminários Anuais realizados pelo Núcleo de Estudos das relações étnico-raciais, grupos informais com a finalidade de divulgar suas práticas. Outras duas professoras ainda afirmaram realizar anotações referentes às práticas docentes, as quais se constituem como ferramentas para os registros mensais, semestrais e anuais necessários ao seu trabalho docente. E outra reconheceu ser a fotografia seu principal recurso de registro, além de notas básicas em um caderno que a acompanha por todos os espaços e de conversas pessoais pelo WhatsApp como apoio à memória para seus registros.

Quanto às mudanças pessoais e profissionais percebidas pelas/os professoras/es nesse processo de registrar e tornar pública a própria prática, tivemos respostas semelhantes com o argumento de que esta ação favorece voltar o olhar para si mesmo/a durante o registro, o que faz refletir e reexaminar as próprias práticas e a trajetória feita. Ou seja, registrar a própria prática permitiria a cada profissional a oportunidade de compreender as ações tomadas, desde o planejamento inicial, os registros feitos durante o processo, além do compartilhamento da prática pedagógica com os pares, familiares e comunidade escolar. 

Considerações finais

A partir das respostas recebidas, referentes às duas perguntas realizadas, foi possível verificar as estratégias, os recursos, bem como os espaços considerados e utilizados pelas/os professoras/es para produzir os registros das suas práticas para socializá-las. Também foram perceptíveis os desafios para fazê-lo, o que inclui questões estruturais do trabalho na escola e da formação profissional para o registro, divulgação e o uso de tecnologias de comunicação para esse fim.

No entanto, cabe destacar o quanto estas/es profissionais compreendem a relevância do registro de suas práticas enquanto parte essencial do trabalho docente. Compreendem também que esta falta, de certa forma, produz uma lacuna no ciclo ação-reflexão-ação, essencial ao aprendizado diário de tornar-se professor/a.

É nesse caminho que ressaltamos a necessária relação dialógica e o aprendizado coletivo entre a  educação básica e a universidade, as instituições escolares como lócus de produção de conhecimento (Lomba, 2021, 2023). Em busca desse diálogo entre profissionais da educação básica e a formação inicial, encontra-se em desenvolvimento pelas autoras deste artigo (Neves; Lomba), pela FaE/UFMG, uma pesquisa com apoio do CNPq, denominada Narrativas autobiográficas de profissionais da educação básica e a formação inicial e continuada: compartilhando experiências por meio da escrita reflexiva (2023-2025). O nosso objetivo tem sido o de construir reflexões sobre a docência e fomentar a formação continuada por meio da escrita de narrativas autobiográficas com um grupo de profissionais da educação básica denominado GEEPPEB.

Como a pesquisa citada se encontra articulada ao ensino, à extensão universitária e à divulgação científica, pretendemos, junto aos profissionais da educação básica, pensar em estratégias e possibilidades para as demandas formativas como aquelas mencionadas pelas/os professoras/es sobre o desejo da escrita com objetivo de publicação e divulgação científica.

REFERÊNCIAS

FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Aula, autoria e reconhecimento: implicações para a pesquisa sobre os currículos da escola básica no Brasil. Educação, Porto Alegre, v. 40, n. 2, p. 203-208, maio-ago. 2017. <https://doi.org/10.15448/1981-2582.2017.2.27026> Acesso em 21 nov. 2023

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação, uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979. Disponível em: <https://www.fpce.up.pt/ciie/sites/default/files/Paulo%20Freire%20-%20Conscientiza%C3%A7%C3%A3o_pp.5-19.pdf>. Acesso em 16 mai. 2023.

FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LOMBA, Maria Lúcia de R. (org.). Relatos e vivências de profissionais na Educação Infantil: reflexões sobre a docência. Curitiba: Appris, 2021. v. 1.

LOMBA, Maria Lúcia de R. (org.). Relatos e vivências de profissionais na Educação Infantil: reflexões sobre a docência. Curitiba: Appris, 2023. v. 2.

LOMBA, Maria Lúcia de Resende; SCHUCHTER, Lúcia Helena. Profissão docente e a formação de professores/as para a educação básica: reflexões e referenciais teóricos. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 39. p. 1- 23, 2023. <http://dx.doi.org/10.1590/0102-469841068>

LOMBA, Maria Lúcia de Resende; FARIA FILHO, Luciano Mendes. Os professores e sua formação profissional: entrevista com António Nóvoa. Educar em Revista, Curitiba, v. 38, p. 1-10, 2022. <https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/88222/48158> Acesso em 21 nov. 2023.

NÓVOA, António. A formação tem de passar por aqui: as histórias de vida no projeto Prosalus. In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (Orgs.). O método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde. Depart. dos Recursos Humanos da Saúde/Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional, 1988. p. 107-129.

NÓVOA, António. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

NÓVOA, António. Firmar a posição como professor. Afirmar a profissão docente. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 47, n. 166, p. 1106-1133, out./dez. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v47n166/1980-5314-cp-47-166-1106.pdf>. Acesso em 9 ago. 2022.

NÓVOA, António. Entre a formação e a profissão: ensaio sobre o modo como nos tornamos professores. Currículo sem Fronteiras, v. 19, n. 1, p. 198-208, jan./abr. 2019. Disponível em: <www.curriculosemfronteiras.org/vol19iss1articles/novoa.pdf>. Acesso em 8 nov. 2022.

NÓVOA, Antônio. Prefácio. In: LOMBA, Maria Lucia de Resende (org). Relatos e vivências de profissionais na Educação Infantil: reflexões sobre a docência. Curitiba: Appris, 2023. p. 12-14.

PERRENOUD, Philippe et al. Fecundas incertezas ou como formar professores antes de ter todas as respostas. In: PERRENOUD, P. et al. (Orgs.) Formando professores profissionais: quais estratégias? Quais competências? 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 211-223.

[1]      Os professoras/es convidados a responder fazem parte do Grupo de Estudos e Escrita de Profissionais e Pesquisadores da Educação Básica – GEEPPEB, grupo coordenado pela pesquisadora Maria Lúcia de Resende Lomba, que reúne profissionais da educação básica de diversos municípios brasileiros.

[2]      Quais desafios você encontra para registrar e comunicar as suas práticas pedagógicas?

[3]      Se você já registra e divulga a sua própria prática pedagógica, nos diga como tem feito e qual a mudança pessoal e/ou profissional você considera que tem sido mais significativa a partir desse processo de registrar e tornar pública a sua própria prática.

[4]      @tematicasindigenas

[5]      @prof.fabiola.projetoafrica

LOMBA, Maria Lúcia de Resende. NEVES, Libéria Neves. Sobre registrar e socializar a prática pedagógica – O que dizem as/os professoras/es da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (MG)? Revista Brasileira de Educação Básica, Belo Horizonte – online, Vol. 7, Número Especial A escola no pós-pandemia, novembro, 2023, ISSN 2526-1126. Disponível em: . Acesso em: XX(dia) XXX(mês). XXXX(ano).

Imagem de destaque: Libéria e Lúcia em evento na Faculdade de Educação da UFMG

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