Cartografia polivalente séries iniciais experiências no Ensino Fundamental
António Carlos de Abreu Mól
Doutor em Engenharia Nuclear pela COPPE/UFRJ (2002). Ingressou no Instituto de Engenharia Nuclear em 1995, em 2005 fundou o Laboratório de Realidade Virtual do IEN/CNEN e desde esta data vem coordenando o mesmo. Em 2016 assumiu o cargo de Chefe da Divisão de Ensino do IEN/CNEN e a Pró-Reitoria de Ensino. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência e Tecnologia Nucleares (PPGIEN). e Coordenador, Fundador e docente do Mestrado Profissional em Novas Tecnologias Digitais na Educação do Centro Universitário UniCarioca. Bolsista de Produtividade em Pesquisa CNPq Nível 1C, Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ e duas vezes Jovem Cientista do Estado do RJ. Participou como pesquisador proponente e coordenador da linha 4 (Realidade Virtual Aplicada na Área Nuclear) do INCT de Reatores Nucleares Inovadores – CNPq/MCTI durante todo o período de funcionamento dessa rede de excelência em C&T. Atua como consultor Ad Hoc de diversas revistas internacionais e membro do corpo editorial da Revista Carioca de Ciência, Tecnologia e Educação (RECITE). Desenvolve pesquisas em colaboração com a COPPE/NUCLEAR (UFRJ), COPPE/CIVIL (UFRJ), PROTEN (UFPE e CRCN/CNEN), CDTN (CNEN), Programa de Pós-Graduação em Informática (UFRJ), AIEA. Orienta teses, dissertações e iniciações científicas, desenvolvendo: (i) sistemas de suporte a operação de plantas nucleares (realidade virtual e inteligência artificial); sistemas para treinamento de operadores de salas de controle (realidade virtual); (iii) sistema para planejamento e visualização de instalações nucleares e radiativas (realidade virtual); (iv) divulgação científica da área nuclear (realidade virtual); (v) sistemas para treinamento de profissionais da área da saúde quanto a procedimentos e diretrizes de radioproteção; (vi) área de ensino (realidade virtual).
Contato: amol@unicarioca.edu.br
Ana Paula Legey
Pós Doutora em Divulgação Científica (IEN/CNEN), Doutora em Ciências pelo IOC/FIOCRUZ do Programa de Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde (especialidade ensino não formal/divulgação científica) (ago/2009), mestre em Biologia Parasitária pelo IOC/FIOCRUZ (Jul/1997) e graduada em Ciências Biológicas pela USU (Jan/1993). Na UniCarioca é: Coordenadora Adjunta do Mestrado Profissional em Novas Tecnologias Digitais na Educação; Representante Institucional de Iniciação Científica (PIBIC-CNPq/UniCarioca); Coordenadora Adjunta do Núcleo de Computação Aplicada (NUCAP/UniCarioca), núcleo este que abarca pesquisas interdisciplinares envolvendo os cursos de Pedagogia, Design, Computação e Comunicação) aplicando Tecnologias Digitais no Ensino Formal e Não Formal em diferentes ambientes de aprendizagem e segmentos de ensino; orienta TCCs e projetos de iniciação científica; Professora Adjunta do curso de Pedagogia (disciplinas; Didática das Ciências, Informática Aplicada à Educação, Educação e Tecnologia da Informação e Comunicação e Projetos de ação Pedagógica).
Contato: asiqueira@unicarioca.edu.br
André Cotelli do Espírito Santo
Possui graduação em Ciência da Computação pela Universidade Gama Filho (2010) e mestrado em Mestrado em Ciência e Tecnologia Nucleares pelo Instituto de Engenharia Nuclear (2013). Pesquisador no Núcleo de Computação Aplicada (NuCAp, núcleo multidisciplinar envolvendo os cursos de Pedagogia, Design e Computação) onde desenvolve pesquisas aplicando Tecnologias de Realidade Virtual no Ensino.
Contato: andre.cotelli@gmail.com
Sheila da Silva Ferreira Arantes
Doutoranda na UFRJ no programa Ciência da computação PPGI, Mestre em Novas Tecnologias Digitais na Educação da UNICARIOCA. Pós-Graduada em Gestão Escolar, Psicopedagogia e Gestão e Implementação de cursos EAD. Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Univercidade da Cidade (2005). Atualmente é diretora Pedagógica do Instituto de Educação Colônia do Saber responsável inclusive por todos os cursos na modalidade EAD da insituição.
Contato: sheila@csaber.com.br
Rosana da Silva Revelles
Doutoranda do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro- PPGG. Mestrado em Tecnologias Digitais na Educação, pela Universidade Unicarioca/RJ, Graduação em geografia e Pedagogia. Pós-graduação em Gestão e Planejamento em EAD pela Universidade Federal Fluminense.
Contato: rosanarevelles@hotmail.com
Introdução
Na Geografia, a construção do raciocínio espacial é elemento primordial para o estudo dos mapas, das plantas, das coordenadas geográficas, enfim, essa ciência nos ajuda a construir e a interpretar as representações do espaço vivido e a fazer a leitura de mundo. Assim como propõe a Base Nacional Comum Curricular:
No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, os alunos começam, por meio do exercício da localização geográfica, a desenvolver o pensamento espacial, que gradativamente passa a envolver outros princípios metodológicos do raciocínio geográfico, como os de localização, extensão, correlação, diferenciação e analogia espacial (BNCC, 2018, p. 363-364).
Somando essa perspectiva ao novo contexto em que vivem os discentes, quando se trata de tecnologia, nasce a preocupação em produzir materiais que se norteiem pela Base Nacional Comum Curricular e atendam aos contextos e interesses dos educandos de hoje. Para Deon e Callai (2020), a escola precisa buscar a articulação dos conceitos e elementos da disciplina da Geografia com a realidade do aluno, dessa forma sua leitura de mundo fará sentido nas escalas de análises e em suas referências.
A ideia está alicerçada por autores que já fazem referência ao tema, e nessa fundamentação nasceu a ideia de construção de um site que contivesse jogos digitais para trabalhar elementos topológicos da cartografia e sequências didáticas que servissem como reforço para trabalhar a leitura cartográfica nas séries iniciais seguindo as habilidades propostas na Base Nacional Comum Curricular. A proposta foi apresentar essas ferramentas a um grupo de professores, de variadas escolas, para que, após o contato com esses recursos e materiais, pudessem responder a um questionário sobre a viabilidades de tais recursos em sala de aula nas aulas de Geografia, especialmente para trabalhar os elementos da Cartografia. “A Cartografia não é exógena à geografia, ela está inserida no contexto geográfico, dando suporte em toda a sua representação.” (CASTROGIOVANNI e SILVA, 2020, p. 37).
A Cartografia Polivalente S.I.
A Cartografia “Polivalente SI” é assim intitulada devido ao fato de o professor que atua nas séries iniciais ser um professor que ensina todas as disciplinas, não sendo ele considerado especialista para uma determinada área, é chamado de professor polivalente. Ele trabalha com várias disciplinas formais durante a primeira etapa do ensino fundamental, e a proposta dessa capacitação, dentro do Módulo 3, foi de apresentar ideias de ferramentas e jogos digitais para que esse professor das séries iniciais pudesse reforçar os elementos da cartografia em suas aulas de Geografia.
O papel da escola desde os anos iniciais é conseguir articular o mundo empírico da criança com os conceitos científicos, pois assim como aprendemos a ler e a escrever é fundamental que as crianças consigam realizar a leitura de mundo, sempre fazendo referência ao seu mundo da vida. E não é demais pensar que a leitura e a escrita podem ser feitas a partir do lugar, espaço construído, que é o ambiente da vida comum dela, de sua família e seus amigos. (Callai e Dion. 2020. p. 89)
Elementos como: dominância lateral, pontos e linhas, localização, orientação, mapas, visão bidimensional e tridimensional, rosa dos ventos, escala, coordenadas e outros temas compõem uma série de conteúdos fundamentais para que os alunos sejam capazes de se familiarizar com a leitura geográfica e cartográfica, tendo mais possibilidades com a leitura cartográfica nas séries posteriores.
Assim é necessário que o professor tenha consciência de que a prática cartográfica deve ser algo construído gradativamente ao longo dos anos iniciais. Sem essa clareza, o professor terá um trabalho descaracterizado, sem sentido, com pouco significado. Tendo a meta de alcançar resultados positivos no processo de assimilação do aprendizado na educação geográfica-cartográfica-participativa e integrada, é viável que professor e aluno construam de forma criativa o processo de ensino aprendizagem, enfocando sempre a realidade vivida pelo aluno (Tomé, 2015, p. 10).
Como sociedade e como educadores estamos vivendo um mundo conectado de informações, onde os aparelhos móveis, as redes sociais, os satélites, as plataformas digitais, enfim, as tecnologias estão a nossa volta e moldam o nosso cotidiano. Um cenário que mostra a realidade de um mundo contemporâneo em ebulição e em transformação. Onde em todas as dimensões da sociedade a tecnologia se faz presente, seja nas relações familiares e de trabalho, seja nos movimentos culturais e sociais, seja nas instituições escolares, enfim, a tecnologia hoje é mais do presente e se faz necessária. E não seria diferente no contexto da sala de aula, do âmbito escolar e nos trabalhos pedagógicos das disciplinas escolares, principalmente com temas e conteúdos que requerem o trabalho com abstrações e visualizações, como no caso da Geografia e da Cartografia, pois nesses casos a tecnologia contribui para facilitar o aprendizado trabalhando representações e imagens, objetos no trabalho das disciplinas.
Desconsiderar toda essa transformação social emergente pode evidenciar uma negligência, por parte do sistema, com estudantes que precisam se inserir no mundo digital de forma crítica e reflexiva, pois o tempo-espaço escolar é o lugar de formação sociocultural (Giraffa, Martins e Raabe, 2021, p. 20).
Nesse sentido, tentando alinhar a prática pedagógica ao contexto do estudante do século XXI, as ideias e inovações se fazem necessárias para buscar maior qualidade nos objetivos propostos pelas disciplinas, no caso da Geografia, e junto do aluno construir atividades que sejam mais atraentes e significativas a seu olhar como estudante.
O Módulo 3 da Capacitação – Apresentação da Cartografia Polivalente S.I.
O Módulo 3 para a pesquisa foi realizado em uma capacitação online, produzida em dupla e amparada pelo Centro Universitário UniCarioca e pela Orientadora do Mestrado, a Professora Mestre Sheila Arantes. Essa capacitação, chamada Jornada de troca pedagógica (Cidadania e Cartografia) nos caminhos da BNCC, foi elaborada em três módulos para professores, dos quais na etapa 3 seriam apresentados os materiais do tema Cartografia Polivalente S.I.: as ferramentas utilizadas, o produto, que é o site Dona Geog com os jogos digitais, e um modelo de sequências didáticas, elaboradas seguindo o eixo temática indicada para o 5º ano do ensino fundamental e que fora acompanhado pela professora Sheila Arantes.
Um grupo de onze professores se dispuseram a conhecer neste módulo os materiais e realizar os jogos digitais produzidos no site Dona Geog, se comprometeram também em acompanhar as sequências didáticas elaboradas para trabalhar os elementos da Cartografia nas séries iniciais (um exemplo elaborado para o 5º ano do EF), a responder a um questionário sobre as suas perspectivas sobre a capacitação de forma geral e a algumas questões relacionadas ao Módulo 3 sobre os recursos como reforço nas aulas de Geografia, especialmente no trabalho da alfabetização cartográfica nas séries iniciais do ensino fundamental. Após a apresentação do cronograma (Figura 1), no qual constavam as datas dos módulos que seriam desenvolvidos no decorrer da capacitação, foram apresentados também testes psicotécnicos simples (Figura 2), como uma dinâmica, para que os professores analisassem a questão de espacialidade. Em seguida uma mostra do trabalho apresentado aos professores da rede pública tendo a Base Nacional Comum Curricular como pilar no que tange ao pensamento espacial nas séries iniciais do ensino fundamental para desenvolver a cartografia polivalente S. I.
Figura 1: O Cronograma da Capacitação
Fonte: Elaboração própria
Figura 2: A dinâmica
Fonte: Elaboração própria
Na sequência foi apresentado o framework (Figura 3), que seria base para a produção das sequências didáticas para trabalhar conteúdos em sala de aula, no caso dessa proposta, a cartografia para o 5º ano do ensino fundamental. A ideia seria distribuir os objetivos e as atividades propostas dentro do eixo temático com o uso das sequências didáticas e assim, em conjunto com os alunos, trabalhar o tema através das atividades interativas e dos jogos digitais percorrendo as habilidades e criando acabamentos dos conhecimentos prévios, para que, então, os alunos do 5º ano do ensino fundamental pudessem ter acesso aos conteúdos da cartografia de forma dinâmica e participativa, fazendo dos momentos das atividades trocas significativas para o desenvolvimento do aprendizado na disciplina Geografia escolar.
O modelo de framework utilizado foi remixado pela professora Sheilla Arantes, que o desenvolveu para possibilitar pesquisas quanto à orientação dos objetivos e conteúdos em sequências didáticas criadas por educadores. Para Arantes (2019), “a orientação para a realização das SD‘s é que elas sejam realizadas em dois ou três dias para cada tema e assim haja um tempo hábil de se trabalhar as habilidades, de forma a atingir os objetivos didático-pedagógicos propostos”.
Figura 3 – Framework
Fonte: Arantes, 2019
Esse modelo de framework foi apresentado como ferramenta de produção para as SDs (Sequências Didáticas) e esse desenho de framework segue a proposta de um fluxograma delineado pelas tecnologias digitais. Para Arantes (2019), “parte-se de um eixo temático, passando pela tomada de consciência, atividades significativas, atividades lúdicas com as novas tecnologias digitais, fixação dos conteúdos com o caderno digital e a finalização com uma avaliação significativa”. As sequências didáticas produzidas dentro do Eixo Linguagem cartográfica foram apresentadas nesse formato. As atividades elaboradas nas SDs se encontram no site Dona Geog para que os professores possam acessar em um outro momento e avaliá-las com calma, visando dessa forma entender outras possibilidades para a adequação do conteúdo, afinal o conteúdo do Módulo 3 foi uma ideia plantada para que outras nasçam.
Foi apresentada em seguida a ferramenta utilizada para a criação do site Dona Geog, riado pela Wix. Neste site foram feitas as apresentações dos jogos digitais, que também foram encaminhados individualmente e anteriormente para o celular de cada professor para que pudessem jogá-los e entendê-los.
Figura 4 – Site Dona Geog
Fonte: Elaboração própria
Após a apresentação do Módulo 3, foi enviado aos professores que participaram da capacitação algumas questões sobre o trabalho apresentado, a fim de buscar entender se suas perspectivas foram atendidas, se as referências usadas estavam adequadas, se as ferramentas digitais facilitam o planejamento de atividades com o conteúdo da cartografia nas séries iniciais, se os jogos e o site contribuíram com o trabalho pedagógico em sala, e outras questões, além de outras perguntas. Destas, algumas questões relacionadas ao Módulo 3 da capacitação, contendo perguntas objetivas e subjetivas sobre essa etapa.
Figura 5 e 6 – Questionários sobre os materiais e recursos utilizados
Fonte: Elaboração própria.
Nesse momento, questionou-se sobre o uso dos jogos digitais e recursos que foram encaminhados via celular, anteriormente à data da aula, para que todos os professores pudessem ter acesso ao material tecnológico que seria mostrado e apresentado na data do Módulo 3. As perguntas elaboradas também foram direcionadas às sequências didáticas, que tiveram como tema a Cartografia em um modelo produzido para uma turma de 5° ano do ensino fundamental. Estas sequências seguiram as habilidades propostas na Base Nacional Comum Curricular destinada às séries iniciais.
Figura 7, 8 e 9 – Questionário sobre o alinhamento do produto com a BNCC
Fonte: Elaboração própria.
O interesse pela apresentação dos recursos aplicados no Módulo 3 também relacionava-se com a prática pedagógica dos professores, questionando-os se poderiam ser trabalhados em sala de aula dentro dos objetivos e habilidades propostos nas sequências didáticas e alinhados à Base Nacional. “Os alunos gostam de um professor que os surpreenda, que traga novidades, que varie suas técnicas e métodos de organizar o processo de ensino-aprendizagem.” (MORAN, 2008, p. 2).
Dentre as perguntas analisadas também questionamos aos professores se as atividades apresentadas dentro das sequências didáticas estavam articuladas com o eixo temático (no caso da Cartografia polivalente SI), ou se elas poderiam ser remixadas de acordo com o interesse dos alunos, de acordo com o perfil da turma das séries iniciais ou até de uma nova visão didática do professor.
Figura 10, 11 e 12 – Questionários sobre as sequências didáticas e os eixos temáticos
Fonte: Elaboração própria.
Também questionamos sobre os tipos de plataformas digitais onde produzimos os jogos digitais e apresentamos tais ferramentas para que os professores pudessem utilizá-las como recursos para criar seus próprios jogos ou outros jogos a partir dos que estavam conhecendo, produzir seus próprios materiais didáticos para seus conteúdos pedagógicos e/ou trabalhar com seus alunos em sala de aula ou mesmo em outro espaço da escola.
RESULTADOS
Os resultados analisados tiveram relação com a apresentação observada no Módulo 3, apresentado no momento da capacitação. Nesse módulo foi apresentada a Cartografia Polivalente S.I. para os participantes, visto que professores das séries iniciais não especialistas na área de Geografia precisam trabalhar com a disciplina e com os elementos da Cartografia. “A ciência geográfica, enquanto disciplina curricular, depende da ciência cartográfica escolar. Assim, devemos evitar a fragmentação desses conhecimentos na escola, pois essas competências se relacionam e se relacionam buscando a unidade, em um tecido que faz parte do todo, que é a disciplina Geografia Escolar.” (CASTROGIOVANNI e SILVA, 2020, p. 40).
- Na questão 4, 90,9% dos professores mostraram que conseguiram fazer uso dos recursos digitais que foram disponibilizados anteriormente à aula do Módulo 3.
- Na questão 11, todos os professores concordaram que os recursos usados estavam de acordo com a série, no caso para um 5° ano do ensino fundamental.
- Na questão 18, 20 e 31, os professores foram questionados se a didática sobre Cartografia apresentada nas sequências didáticas estaria dentro da proposta esperada por eles, e o que observamos é que todos responderam que estava totalmente, porém apenas 72,7% responderam que se sentiam confortáveis para aplicá-las em sala, apesar de mostrarem em suas respostas um ponto comum no aprimoramento das práticas pedagógicas e que novos modelos de aprendizagens ajudariam a conhecer melhor e a fomentar a Base Nacional Comum Curricular.
- Sobre as articulações das sequências didáticas apresentadas, 90,9% dos professores concordaram que elas poderiam ser remixadas e mudadas, pois suas atividades, mesmo seguindo as habilidades da BNCC, tinham recursos que poderiam ser trabalhados em formatos diferentes e em turmas e séries diferentes. O que passa a ser positivo, pois a ideia das sequências didáticas é servir como um recurso a ser aprimorado e não um projeto acabado em si.
- Sobre se as sequências didáticas e os recursos digitais apresentados, como o protótipo do site Dona Geog e os jogos (onde foram trabalhados os elementos da cartografia), na questão 49 e 53, 90,9% dos professores responderam que tais recursos teriam potencial para ajudar os alunos a construir o raciocínio espacial e cartográfico nas séries iniciais do ensino fundamental, e as plataformas utilizadas para a criação de jogos seriam muito importantes para a produção de outros materiais em sua prática para ensinar conteúdos em sala.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No momento em que se iniciou a ideia de expor, no Módulo 3, o trabalho intitulado Cartografia polivalente S.I.sabíamos ser um ponto de partida dentro dessa jornada de troca pedagógica, que foi a capacitação promovida com apoio da Unicarioca. O tema cartografia, em si, não é muito divulgado no curso de Pedagogia, graduação principal dos professores das séries iniciais do ensino fundamental, o que não quer dizer que eles não tenham contato com a disciplina de Geografia. Uma área, assim como muitas do currículo escolar, pontuada dentro da grade do curso de Pedagogia.
Os professores das séries iniciais muitas vezes precisam se capacitar mais e aprimorar em conteúdos que aparecem dentro dessas disciplinas, como no caso da Cartografia, na Geografia escolar. Esta ciência tem conceitos que ajudam a construir o raciocínio espacial e as visualizações são necessárias para desenvolver abstrações, análises da geografia e dinâmicas da sociedade. O que é reforçado pela Base Nacional Comum Curricular:
Ao tratar do conceito de espaço, estimula-se o desenvolvimento das relações espaciais topológicas, projetivas e euclidianas, além do raciocínio geográfico, importantes para o processo de alfabetização cartográfica e a aprendizagem com as várias linguagens (formas de representação e pensamento espacial) (BNCC, 2018, p. 362).
Daí a importância de iniciar nas séries iniciais os elementos da Cartografia, criando condições para que o estudante desenvolva desde cedo sua percepção sobre espacialidade, construa suas observações, faça sua leitura de mundo e analise as representações espaciais. Nesse sentido, oportunizar ao professor possibilidades didáticas, com ferramentas tecnológicas e com um site ligado ao tema contribui para que ele possa trabalhar a Cartografia em sala.
Assim, a conclusão desse trabalho contribuiu para servir de ponto de partida para que outras jornadas pedagógicas com o tema Cartografia polivalente SI sejam ampliadas, conclui-se também que os professores participantes demonstraram interesse em conversar sobre o tema eaprimorar sua prática ante a importância de trabalhar Cartografia em sala de aula, em suas aulas de Geografia escolar nas séries iniciais.
REFERÊNCIAS
ARANTES, Sheila da Silva Ferreira. Reforço escolar em sociedades civis em prol da alfabetização: interface entre sequências didáticas e ferramentas digitais / Sheila da Silva Ferreira Arantes. Rio de Janeiro, 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
CALLAI, H. C. DEON, A. R. O ensino da Geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Educ. anál., Londrina, v.5, n.1, p.79-101, jan./jun. 2020. Disponível em: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/educanalise/article/view/40186> Acesso em Agosto 2022.
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; ABREU E SILVA, Paulo Roberto Florêncio de. A construção do conhecimento cartográfico nas aulas de Geografia [recurso eletrônico] /. Goiânia : C&A Alfa Comunicação, 2020. Disponível em:<conhecimento cartográfico – Lume – UFRGS> Acesso em jul 2022.
MARTINS, Cristina; GIRAFFA, Lucia Maria Martins; RAABE, Andre Luis Alice. Práticas pedagógicas remixadas: tendências da cultura digital. 2021.
MORAN, José Manuel. Aprendizagem significativa. Portal Escola conectada[entrevista], 2008.
SILVA, Paulo Roberto Florencio de Abreu. A construção do conhecimento cartográfico nas aulas de Geografia. 2020. Disponível em:<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/216070/001119409.pdf?sequence=1>. Acesso em Ago 2022.
TEZANI, Thaís Cristina Rodrigues. O jogo e os processos de aprendizagem e desenvolvimento: aspectos cognitivos e afetivos. Educação em Revista Marília, 2006.
TOMÉ, Lélia Fátima. A contribuição da geografia nas séries iniciais. Disponível em<http://www.falaprofessor2015.agb.org.br/resources/anais/5/1440010128_ARQUIVO_FalaProf.2015IrisM.Tome.pdf>Acesso em Ago 2022.
REVELLES, Rosana da Silva. ARANTES, Sheila da Silva Ferreira. ESPÍRITO SANTO, André Cotelli do. LEGEY, Ana Paula. ABREU MÓL, António Carlos de. Cartografia polivalente séries iniciais experiências no Ensino Fundamental. Revista Brasileira de Educação Básica, Belo Horizonte – online, Vol. 7, Número 28, dezembro, 2023, ISSN 2526-1126. Disponível em: (link). Acesso em: XX(dia) XXX(mês). XXXX(ano).
Imagem de destaque: https://rosanarevelles.wixsite.com/donageog