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Jogos matemáticos: estratégia à aprendizagem significativa em escola pública na cidade de Natal

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Heriberto Silva Nunes Bezerra

O autor é aluno de mestrado em educação, com especificidade em educação profissional no PPGEP/IFRN, graduado em Matemática pela mesma instituição.

E-mail: herinunes2010@hotmail.com

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José Mateus do Nascimento

Doutor em educação pela UFRN, coordenador e professor do mestrado PPGEP/IFRN.

E-mail: zenmateus@gmail.com

INTRODUÇÃO

Inicialmente, não é de hoje que ouvimos educandos do Ensino Fundamental e Médio, afirmarem ser a Matemática uma disciplina complicada, complexa e que somente os educandos apontados como inteligentes são capazes de compreender seus conceitos e solucionar problemas matemáticos.

Nesse sentido, Curtis (2015) infere que, os educandos, quando necessitam utilizar, os conteúdos inerentes dessa ciência, sentem-se incapazes, inferiores e/ou inseguros, como se em suas mentes, uma força negativa sentenciasse: “Você não é capaz”!

Assim, muitos educadores são desafiados a (re)pensarem suas práticas pedagógicas, a fim de que elas possam colaborar no processo de ensino-aprendizagem, além de possibilitar que os educandos adquiram uma maior autoconfiança, exercitem a curiosidade, por meio da pesquisa e apreendam os conhecimentos da Matemática, identificando-os em suas práticas cotidianas e aplicando-os em suas vidas, fomentando à uma aprendizagem significativa.

A esse respeito, Freire (1996) esclarece que o educador não transmite os saberes, porém, por meio das práticas pedagógicas, cria possibilidades para que os educandos construam seu conhecimento. Assim, os jogos matemáticos têm adentrado o ambiente da sala aula, sendo apontados, por muitos educadores, como um aliado nessa caminhada, da busca ao êxito na aprendizagem Matemática.

Destarte, essa pesquisa científica parte do seguinte questionamento: o uso dos jogos colabora na aprendizagem e apreensão de conceitos matemáticos? A partir dessa inquietação, estabelece-se como objetivo de estudo: investigar os possíveis benefícios da utilização de jogos, em sala de aula, à aprendizagem Matemática de educandos em escola pública da cidade de Natal, além de refletir sobre a possibilidade de relacionar saberes inerentes desta disciplina as práticas do cotidiano por meio de jogos.

Desse modo, a fim de alcançar-se os objetivos de pesquisa, realizou-se uma revisão bibliográfica, de natureza qualitativa, tendo como embasamento teórico, autores que versam sobre Educação, Educação Matemática e ensino-aprendizagem, tais como: Freire (1996; 2005), Mendes (2009), D’Ambrósio (2012), Engelmann (2014) e Curtis (2015). Também, fez-se menção dos documentos legais da educação, quais sejam: Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Fundamental (1998) e Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2013).

Referente a metodologia, optou-se pela dialética, a qual é uma das mais presentes em investigações voltadas às Ciências Sociais, além de trabalhar com problemáticas que podem apresentar, ou não, soluções. Demo (2012), ainda complementa que é uma metodologia que explora a realidade, a subjetividade e as percepções individuais de cada pesquisador.

Além disso, apresenta-se relatos de experiências em uma Escola Pública da Cidade de Natal, a qual durante o ano de 2017, foram desenvolvidas atividades e oficinas de Matemática, tendo como recorrente prática pedagógica, a utilização de jogos.

Portanto, acredita-se que essa pesquisa impulsionará futuros e atuais educadores a refletirem sobre as suas práticas pedagógicas. Também, pode-se depreender que os mesmos, ao lerem esse estudo, despertarão o interesse em aderir ao uso de jogos em suas aulas, proporcionando aos seus educandos novas possibilidades de apreensão do conhecimento, não necessariamente de Matemática, mas podendo adaptar os jogos ao ensino de conceitos das disciplinas de Ciências, Geografia, História, dentre outras.

Em vista do exposto, o trabalho está organizado em quatro partes: a primeira consiste nessa introdução, a qual apresenta-se a temática, os objetivos, a metodologia de pesquisa e as justificativas. Posteriormente, conversa-se sobre o uso de jogos no ensino-aprendizagem da Matemática, à luz dos teóricos supracitados. Na terceira parte, relata-se algumas experiências em escola pública da cidade de Natal, nas quais os jogos foram grandes colaboradores no processo de apreensão do saber. Finalmente, expõem-se as considerações finais e referências.

O USO DE JOGOS NA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA: PERCEPÇÕES TEÓRICAS

 A Matemática está indubitavelmente presente em nossas práticas diárias: percebe-se que, as donas de casa utilizam da adição e subtração ao planejar as compras mensais do seu lar; de modo semelhante, o pedreiro recorre a geometria plana, utiliza as noções de espaço, unidades de medidas e formas geométricas ao erguer uma parede e/ou construir uma casa; além disso, os feirantes e cobradores de ônibus constantemente usam o raciocínio lógico, desenvolvem cálculos mentais e realizam operações básicas em suas atividades profissionais.

Todavia, no ambiente escolar, muitos educandos apresentam dificuldades na aprendizagem da Matemática, esses não conseguem relacionar os conteúdos presentes em seus livros didáticos às atividades do cotidiano. Logo, os educadores necessitam buscar práticas pedagógicas que colaborem na apreensão dos saberes inerentes dessa ciência.

Assim, os jogos matemáticos, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), (BRASIL, 1998), são apontados como estratégia de aprendizagem, a qual desperta a curiosidade, o pensamento crítico, a criatividade, além da autonomia e do desenvolvimento dos aspectos cognitivos. De modo que, nesse percurso educativo os educandos deem saltos de qualidade no pensamento. Ainda, os PCN, asseguram:

Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações problemas que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas. (BRASIL, 1998, p. 46).

Logo, percebe-se que a recorrência de jogos na aprendizagem de conceitos da Matemática, permite aos educandos desenvolverem uma maior autoconfiança e segurança ao serem desafiados à resolução de problemas e ao interagir com os demais colegas em trabalhos em grupos.

Já, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNEB), (BRASIL, 2013), enfatizam a essencialidade do uso de materiais lúdicos durante o processo de ensino-aprendizagem, os quais devem relaciona-se com a cultura e realidade dos educandos. Nessa perspectiva, temos por recomendação das DCNEB:

[…] deve-se assumir o cuidado e a educação, valorizando a aprendizagem para a conquista da cultura da vida, por meio de atividades lúdicas em situações de aprendizagem (jogos e brinquedos), formulando proposta pedagógica que considere o currículo como conjunto de experiências em que se articulam saberes da experiência e socialização do conhecimento em seu dinamismo. (BRASIL, 2013, p. 37).

Portanto, pensamos que as experiências de vida, trazidas por cada educando, são importantes à compreensão da realidade e dificuldades na aprendizagem de conceitos da Matemática. Todavia, essas vivências pessoais sendo valorizadas pelo educador, junto ao uso dos jogos configuram-se como ferramentas poderosas na apreensão do conhecimento, o qual “é resultado de um longo processo cumulativo de geração, de organização intelectual, de organização social e de difusão, elementos naturalmente não contraditórios entre si e que influenciam uns aos outros”. (D’AMBRÓSIO, 2012, p. 16).

Também, a respeito das práticas pedagógicas, que utilizam o material concreto, tais como: jogos matemáticos, sólidos geométricos, entre outros, Mendes (2009) reflete que são excelentes estratégias de ensino-aprendizagem, a serem aplicadas em sala de aula, as quais, por meio das brincadeiras em grupos e/ou individuais, despertam nos educandos o maior interesse e o prazer em aprender os conceitos da Matemática. Logo, Mendes (2009), destaca:

O uso de materiais concretos no ensino da Matemática é uma ampla alternativa didática que contribui para a realização de intervenções do educador na sala de aula durante o semestre letivo. Os materiais são usados em atividades que o próprio educando, geralmente trabalhando em grupos pequenos, desenvolve na sala de aula. Estas atividades têm uma estrutura matemática a ser redescoberta pelo educando que, assim, se torna agente ativo na construção do seu próprio conhecimento matemático. (MENDES, 2009, p. 25).

Ora, esse pensamento do autor, referente ao educando ser agente ativo da sua aprendizagem Matemática, vai ao encontro de apontamentos de Freire (1996), o qual reitera que os educandos devem ter autonomia em seus processos de formação educacional e social. Ainda, Freire (2005), sinaliza que o educando não é um recipiente vazio, o qual o educador deposita os saberes, no que o autor conceituou como Educação Bancária. Porém, esse educando possui seus saberes, muitas vezes não sistematizados, os quais devem ser reconhecidos e utilizados como estratégia de interiorização do conhecimento.

Outrossim, os jogos têm essa finalidade, propor a união entre as habilidades pessoais do educando, junto ao conceito matemático, contribuindo assim, para uma aprendizagem significativa, divertida, interativa e excitando à curiosidade e ao raciocínio lógico-matemático.

Nesse sentido, Engelmann (2014) em parceria com os bolsistas de iniciação à docência, licenciados do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Natal Central (IFRN/CNAT), entre os anos de 2013-2014, elaborou um material bibliográfico, intitulado “Jogos Matemáticos: experiências no PIBID”, o qual foi desenvolvido com o objetivo de auxiliar educadores e educandos, das escolas da rede pública e privada, na construção de jogos matemáticos, a serem utilizados em sala de aula, em prol do ensino de qualidade e do êxito na apreensão dos conceitos da Matemática.

A respeito desse trabalho realizados pelos bolsistas e detalhes organizacionais do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), o qual é financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Médio (CAPES), serão explicitados nos próximos parágrafos. Contudo, Engelmann (2014) referente aos principais objetivos da obra, enfatiza:

[…] visa criar estratégias prazeirosas de facilitação do processo ensino-aprendizagem da Matemática. Sabemos da dificuldade de aprendizagem de grande parte dos educandos da Educação Básica quando o assunto é o conteúdo matemático. Há uma série de razões para a existência desta dificuldade, mas talvez a mais gritante seja a aula ministrada de forma completamente abstrata e metodologicamente deficiente, contando apenas com o quadro e o giz. (ENGELMANN, 2014, p. 8).

Assim, é possível notar a preocupação dos bolsistas, educadores em formação, ao colaborar com aprendizagem dos educandos das escolas públicas assistidas, propondo práticas pedagógicas que saiam da rotina do ensino tradicional, em que o educador utiliza, corriqueiramente, apenas o quadro-negro e o giz.

Além disso, Engelmann (op. cit.), esclarece que os jogos matemáticos, podem e devem contribuir na aprendizagem de conteúdos presentes nos livros didáticos da disciplina, tais como: funções, frações, álgebra, geometria, entre outros, os quais devem ter sua aplicabilidade na vida cotidiana, constantemente conversadas durante as etapas de aprendizagem.

Desse modo, os educandos brincam, jogam, aprendem e relacionam os saberes da Matemática com a vida, refletindo sobre a importância de apreender esses conceitos, utilizá-los em suas atividades diárias, consequentemente adquirindo mais confiança e segurança em resolver problemas matemáticos, tendo a clareza e convicção de que estudar e aprender Matemática pode e deve ser lúdico.

A seguir, relata-se algumas experiências desenvolvidas em uma escola Pública na cidade de Natal, durante o ano de 2017, período em que os autores desse artigo estiveram envolvidos no programa, como bolsista e colaborador do PIBID.[1] Uma rica oportunidade de conhecer a realidade das escolas públicas da capital, além de colaborar na aprendizagem dos educandos utilizando os jogos matemáticos como prática pedagógica.

EXPERIÊNCIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM JOGOS MATEMÁTICOS EM ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE NATAL

Durante o ano de 2017 houve, por intermédio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), a oportunidade de desenvolver atividades colaborativas, que visassem a aprendizagem Matemática de educandos matriculados, em uma escola pública da cidade de Natal.

A escola está localizada no bairro de Petrópolis, na capital potiguar, uma região com forte presença de empresas privadas, renomados estabelecimentos comerciais e condomínios de alto poder aquisitivo. Contudo, os educandos que frequentam essa escola são, em sua grande maioria, oriundos de bairros carentes, os quais se encontram próximos da instituição de ensino.

Em nosso primeiro diálogo com a diretora e coordenação pedagógica, fomos informados que a escola possuía aproximadamente 1530 educandos distribuídos pelos turnos matutino e vespertino. Além do mais, a instituição era responsável por oferecer o Ensino Médio. Desse modo, acolhendo educandos advindos das escolas municipais da cidade de Natal, as quais apresentam condições físicas e financeiras semelhantes as escolas da rede estadual de ensino, ou seja, falta de educadores à determinada disciplina, problemas financeiros, de gestão e/ou relacionados às práticas pedagógicas.

Nas semanas seguintes, conversou-se com dois educadores de Matemática do primeiro ano do Ensino Médio, os quais relataram que seus educandos traziam lacunas epistemológicas, tais como: dificuldades nas operações básicas de multiplicação e divisão, em trabalhar com números decimais e fracionários, além de incapacidade em resolver problemas que envolvam os conceitos de geometria plana. Assim, foi possível perceber, através desses relatos, a preocupação dos educandos com o ensino e a aprendizagem de seus educandos.

Logo, pensou-se em promover oficinas e desenvolver atividades práticas utilizando os jogos, de modo a contribuir para que esses educandos consigam apreender os conteúdos da disciplina, como também compreender a importância de estudar Matemática, relacionando os seus conceitos com à vida.

Destarte, planejou-se durante o mês de maio de 2017, uma oficina de Matemática que trabalhasse com os conceitos de fração e números decimais, tendo em vista que presenciamos nas aulas de Matemática e via relatos dos educadores, as dificuldades enfrentadas pelos educandos, ao desenvolverem operações matemáticas com números racionais (frações, decimais e dízimas periódicas).

A seguir, na Figura 1, apresenta-se o jogo intitulado “Dominó da Matemática”, o qual foi construído em sala de aula, junto com os educandos. Para tal, utilizou-se de cartolina, papel ofício, canetas coloridas, cola e tesoura sem ponta. O objetivo do jogo é que os educandos consigam relacionar os valores numéricos em forma de fração com os números decimais, como por exemplo: ½ = 0,5; 2/8 = 0,25 e ¾ = 0,75.

Figura 1: Dominó da Matemática, Material feito pelos educandos na oficina.

Fonte: acervo do pesquisador (BEZERRA, 2017).

 Salientamos também que, ao longo da atividade questionamos os educandos a refletirem em que práticas do cotidiano eles identificavam a presença de conceitos de frações e números decimais. Como resposta, um dos educandos presentes, apontou que seu pai trabalhava em uma pizzaria do bairro e que diariamente cortava pizzas em fatias, a partir de então, ele percebeu que ao dividir a pizza em duas partes iguais, ele poderia representar uma delas por ½.

Ainda, outros educandos relacionaram, o estudo dos números fracionários, com a atitude de cortar uma laranja em formato de cruz, proporcionando quatro pedaços, os quais podem ser representados, por esse conceito estudado. Os bolsistas do PIBID, envolvidos na oficina, desafiavam os educandos, questionando por exemplo: E se Maria comesse três pedaços dessa laranja, como ela representaria a quantidade restante em forma de fração? E de número decimal? Atitude essa, a qual compreende-se ser imprescindível no processo de ensino-aprendizagem, pois permite aos educandos sentirem-se motivados, participativos e instigados a criarem hipóteses e buscarem os argumentos, que confirmem, complementem ou corrijam suas ideias iniciais.

Outrossim, no mês de setembro de 2017, os educadores solicitaram uma estratégia pedagógica aos bolsistas do PIBID, tendo em vista que os educandos do primeiro ano do Ensino Médio estavam com dificuldades em compreender os problemas que envolviam trigonometria e geometria. Isso porque, eles não possuíam domínio sobre as propriedades inerentes dos triângulos, quadrados, retângulos e demais figuras geométricas, as quais são fundamentais à construção de uma sólida base matemática.

Assim, com o suporte do laboratório de Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Natal, Centra (IFRN/CNAT), se conseguiu obter sólidos geométricos a fim de que os educandos da escola pública pudessem manusear os objetos e melhor compreender suas definições e propriedades. Além disso, propomos uma atividade chamada carinhosamente pelos educandos de “Caça-Palavras da Matemática”. O qual, semelhante ao tradicional jogo, os educandos deveriam completar as lacunas existentes de acordo com as propriedades e definições de cada figura geométrica. Desse modo, eles brincaram, interiorizaram espontaneamente o conhecimento; aprenderam, por meio da identificação da aplicabilidade desses saberes em suas atividades diárias.

A seguir, apresenta-se imagem, Figura 2, referente à estratégia pedagógica realizada pelos bolsistas do PIBID na escola supracitada.

Figura 2: sólidos geométricos e tangram usados à aprendizagem de geometria.

Fonte: acervo do pesquisador (BEZERRA, 2017)

Os sólidos geométricos e o Tangram permitiram que os educandos trabalhassem com a Matemática lúdica, ou seja, que usassem de outros materiais além do livro didático para aprender os conceitos dessa disciplina. Aprendizagem essa, a qual proporcionou a interação entre os educandos por meio do trabalho coletivo, a maior participação de todos envolvidos no processo, além de uma quebra na rotina da sala aula, a qual diariamente utilizavam-se apenas o quadro-branco e o pincel para ensinar Matemática.

Figura 3: educanda brincando e aprendendo geometria via jogo “palavra cruzadas da Matemática”.

Fonte: acervo do pesquisador (BEZERRA, 2017)

Ao longo da atividade, Figura 3, notou-se a alegria dos educandos ao aprender matemática, pois eles começavam a perceber que essa disciplina não é complicada, que seus conceitos podem ser apreendidos de forma divertida e interativa. Ainda, constatou-se que frequentemente, os bolsistas perguntavam aos educandos, quais objetos em suas casas têm as propriedades inerentes do quadrado? E do triângulo? Além, de questionar quais trabalhadores diariamente utilizam desses conceitos e propriedades?

Como respostas, os educandos citaram por exemplo o: engenheiro, arquiteto, pintor, pedreiro, entre outros. Logo, essa foi uma estratégia a fim de promover a discussão sobre a importância da aprendizagem da geometria e de sua utilidade nas práticas sociais e profissionais.

Destarte, nas semanas seguintes, avistou-se que os educandos estavam mais interessados em aprender Matemática, muitos alegaram aos bolsistas que gostariam que mais oficinas com jogos matemáticos fossem desenvolvidas, pois através, delas conseguiram apreender melhor os conceitos da disciplina.

Já os educadores, alegaram que os jogos fomentaram à curiosidade, criatividade e maior diálogo em sala de aula, como também estimulou a auto-aprendizagem, criticidade e a confiança ao serem desafiados a resolverem problemas que envolvem o raciocínio lógico-matemático.

Em suma, essas experiências in loco possibilitou a constatação de que os jogos matemáticos colaboram na aprendizagem dos conteúdos dessa disciplina, permitindo ainda, que os educandos consigam relacionar os conceitos da Matemática, presentes em seus livros didáticos com as práticas sociais e profissionais desenvolvidas de acordo com suas realidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo exposto e a discussão realizada ao longo desse artigo, percebe-se que os jogos matemáticos são apresentados como práticas pedagógicas que se bem pensadas podem contribuir na aprendizagem dos conteúdos dessa disciplina, permitindo ainda a potencialização de aspectos cognitivos do educando, tais como: criatividade, curiosidade, raciocínio lógico e confiança.

Ainda, percebe-se que essa estratégia permite que os educandos estabeleçam relações entre os saberes abstratos-conceituais com a aplicabilidade, no mundo social e profissional. De modo que, os educandos conseguem identificar, em práticas do cotidiano, os conteúdos estudados em sala de aula, presentes em seus livros escolares.

Além do mais, os jogos possibilitam aos educandos trabalharem em equipe, construírem hipóteses, buscarem suas teses e muitas vezes repensarem suas estratégias. Desse modo, o educador ao trabalhar com práticas pedagógicas que saiam da rotina quadro-branco e caneta, em um contínuo processo de reflexão de suas práticas pedagógicas, é possível desenvolver atividades lúdicas e criativas, colaborando para uma possível desmistificação da ideia de que a Matemática é uma disciplina difícil e complicada, como também pode contribuir à aprendizagem de forma divertida e interativa.

 

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC/SECAD/CNE, 2013.

______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES). Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Brasília, 2008. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/pibid>. Acesso em: 20 nov. 2018.

CURTIS, William. How to improve your math grades. Berkeley (CA): Occam Press, 2014. Disponível em: <goo.gl/zXFM15>. Acesso em: 02 jul. 2018.

D´AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. 23. ed. Campinas: Papirus, 2012.

DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. 20. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.

ENGELMANN, Jaqueline (Org.). Jogos matemáticos: experiências no PIBID. Natal (RN): IFRN, 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 37. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

______. Pedagogia do oprimido. 40. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

MENDES, Iran Abreu. Matemática e investigação em sala de aula: tecendo redes cognitivas na aprendizagem. 2. ed. São Paulo: Livraria da Física, 2009.

[1] O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Além disso, […] “é uma ação da Política Nacional de Formação de Educadores do Ministério da Educação (MEC) que visa proporcionar aos discentes na primeira metade do curso de licenciatura uma aproximação prática com o cotidiano das escolas públicas de educação básica e com o contexto em que elas estão inseridas. O programa concede bolsas a educandos de licenciatura participantes de projetos de iniciação à docência desenvolvidos por instituições de educação superior (IES) em parceria com as redes de ensino. Os projetos devem promover a iniciação do licenciando no ambiente escolar ainda na primeira metade do curso, visando estimular, desde o início de sua formação, a observação e a reflexão sobre a prática profissional no cotidiano das escolas públicas de educação básica. Os discentes serão acompanhados por um educador da escola e por um docente de uma das instituições de educação superior participantes do programa”. (CAPES, 2008).

Crédito da imagem de destaque: Unsplash

This Post Has 2 Comments
  1. Não tem jeito posso ler em outros sites, mas sempre volto
    aqui para confirmar se a informação esta correta. Obrigado
    pelas informações.

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