Escritores Da Liberdade

Interligação entre aprendizagem baseada em problemas (ABP) e análise fílmica: “Escritores da liberdade”

Cleydson Cardoso

Cleydson Antônio Abreu Cardoso

Olá! Meu nome é Cleydson e é um prazer compartilhar um pouco da minha jornada com você. Sou graduado em Administração e concluí minha pós-graduação em Gestão de Negócios pelo IFMG e finalizando Pós em Docência Nível Profissional também pelo IFMG. Além disso, possuo certificações ANBIMA CPA-10, CPA-20 e FEBRABAN Suitability FBB310, o que me confere uma base sólida no setor financeiro. Atualmente, ocupo o cargo de Gerente de Negócios no Sicredi, onde aplico meus conhecimentos e habilidades para ajudar nossos clientes a alcançarem sucesso financeiro. Entretanto, minha paixão pela educação também é evidente em minha trajetória. Estou constantemente buscando me aprimorar nessa área, com o objetivo de me tornar um profissional ainda mais completo. Acredito firmemente no poder da educação para transformar vidas e estou determinado a fazer a diferença como educador. Minha jornada até aqui foi marcada por muitos desafios e conquistas, mas estou sempre pronto para novos aprendizados e oportunidades de crescimento. Combinando minha experiência prática no mundo dos negócios com meu compromisso com a educação, estou preparado para enfrentar os desafios futuros e inspirar outros a alcançarem seu potencial máximo.

E-mail: cleydson.cardoso@outlook.com 

Introdução

No âmbito das ciências sociais, todo conhecimento serve como representação de diversas formas de existência e modos de viver. Isto pode ser prescritivo, detalhando como os indivíduos devem interagir, produzir e viver, ou descritivo, ilustrando como os indivíduos o fazem atualmente. Portanto, nenhum ensinamento pode existir livre de ideologia, pois todos contribuem para a criação de um sistema de pensamento social que tenha a capacidade de moldar as práticas sociais. Mesmo o conhecimento considerado neutro e desprovido de ideologia pode ser visto como um instrumento de ideologia, uma vez que defende as práticas sociais atuais e reforça o atual estado de coisas.

O papel dos professores na criação de sujeitos sociais não pode ser exagerado, uma vez que estes têm uma influência direta na forma como os alunos percebem e interpretam o mundo que os rodeia. É crucial reconhecer que as contribuições do professor para o pensamento social são moldadas pelos mesmos sistemas de valores que formaram os próprios professores. Conforme exposto por Pedro Goergen (2007), é importante que o professor eduque seus alunos levando-os a refletirem sobre quais são os valores com os quais eles podem se comprometer e se responsabilizar.

À medida que a sociedade enfrenta um aumento gradual na complexidade, com os avanços tecnológicos integrados em um ritmo acelerado, torna-se vital considerar como essas mudanças impactam a Educação Básica. O ensino de Administração, como ciência social aplicada, está intrinsecamente ligado às ciências humanas, buscando compreender como os seres sociais se estruturam e manifestam seus interesses na esfera econômica da produção. Isto significa que quaisquer técnicas administrativas estão situadas em contextos sociais em constante mudança, e a aplicação dessas técnicas envolve a análise de questões multifacetadas, inclusive no contexto da Educação Básica. Acreditamos firmemente que essa concepção é fundamental para um ensino eficaz nesse nível educacional.

Numerosos estudos enfatizaram a importância da utilização de métodos de ensino ativos na área de Administração para melhor equipar os alunos para navegar em um ambiente em constante mudança, agora ampliando essa reflexão para a Educação Básica, para melhor equipar os alunos a navegar em um ambiente em constante mudança. Existem muitas possibilidades de implementação de diversas estratégias de ensino, que diferem tanto nos pressupostos epistemológicos quanto nos recursos disponíveis. No entanto, é geralmente aceito que estas estratégias devem encorajar a autonomia, o pensamento independente e o envolvimento prático dos alunos. Isto contrasta com as metodologias tradicionais, que tendem a colocar os alunos num papel passivo, como meros destinatários de informação.

Uma metodologia que ganhou força notável no amplo campo da aprendizagem ativa é conhecida como Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), e torna-se ainda mais relevante na Educação Básica. Esta abordagem, originalmente referida como Aprendizagem Baseada em Problemas, foi traduzida em vários contextos. O princípio básico da ABP é o de apresentação de situações complexas, reais ou fictícias, que exigem decisões ponderadas para que se possa traçar soluções aos problemas apresentados. Quando se adota a ABP espera-se que os estudantes, a partir de conhecimentos interdisciplinares, envolvam-se em diálogos e reflexões que os conduzam a descobertas, o que propicia uma melhor fixação da aprendizagem.

Outro recurso alternativo para diversificação das práticas de ensino é a análise fílmica. De acordo com Fleury e Sarsur (2007):

…utilizar um filme como instrumento de compreensão dos conceitos passa pela convicção de que realidade e ficção se aproximam, e que a busca por semelhanças e divergências entre ambas pode ser uma forma bastante adequada de análise da utopia sobre o mundo cotidiano real. (FLEURY; SARSUR, 2007, p. 06).

Partindo das premissas supracitadas, a pesquisa objetivou propor uma prática pedagógica que articula Aprendizagem Baseada em Problemas também na educação básica e análise fílmica, tomando como recurso audiovisual o filme “Escritores da Liberdade”. A narrativa do filme aborda não apenas os desafios de uma professora em um ambiente educacional complexo, mas também mergulha nas transformações da vida dos alunos e de como a educação pode ser uma ferramenta poderosa para promover a mudança pessoal e social. Através da análise fílmica, podemos examinar como a professora e os alunos enfrentam problemas e dilemas éticos, e como essas situações se relacionam com os princípios da administração, da tomada de decisões e aplicados à realidade da Educação Básica.

Referencial teórico

A fim de preparar um plano de ensino para apoiar este artigo, realizamos uma revisão da literatura sobre Aprendizagem Baseada em Problemas e análise de filmes. Nesta seção, oferecemos uma visão geral do tema sem fugir das críticas necessárias que acompanham a análise de ambos.

Conceito

A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) é uma abordagem educacional que coloca os estudantes no centro do processo de aprendizagem. Ela se baseia na apresentação de situações ou problemas complexos, reais ou fictícios, que requerem soluções ponderadas e envolvimento ativo dos alunos.

Em vez de simplesmente transmitir informações, a ABP estimula os estudantes a explorar, analisar, colaborar e tomar decisões, frequentemente em contextos interdisciplinares. Essa metodologia visa promover a compreensão profunda do conteúdo, o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas, a capacidade de pensar criticamente e a aplicação prática do conhecimento.

Borochovicius e Tortella (2014) afirmam que a ABP atende às necessidades tanto dos discentes quanto dos docentes na Educação Básica. Os estudantes têm contato direto com desafios relacionados às futuras profissões, estimulando a “aprendizagem a aprender” e promovendo maior criticidade. Para os docentes, a ABP incentiva a interdisciplinaridade, tornando-os aptos a promover a aprendizagem a partir de conteúdos significativos. Destaca-se também a contribuição para a sociedade, fornecendo profissionais aptos a enfrentar desafios da realidade.

No entanto, a ABP também enfrenta críticas, como a falta de padronização, que pode tornar a avaliação mais desafiadora, e a necessidade de recursos significativos para facilitar ambientes de aprendizado eficazes. Além disso, a eficácia da ABP depende em grande parte da qualidade da formulação dos problemas e da orientação adequada dos professores, o que pode variar consideravelmente. Portanto, seu sucesso depende de uma implementação cuidadosa e de apoio pedagógico sólido.  

Análise fílmica como ferramenta pedagógica

A utilização de recursos audiovisuais, especialmente a análise de filmes, tornou-se uma ferramenta valiosa na prática docente da educação básica. Mendonça e Guimarães (2008) argumentam que o cinema tem o potencial de estimular processos cognitivos através da aprendizagem social, permitindo aos alunos aprender comportamentos através de observações situadas de outras narrativas e realidades. Quando esta abordagem é integrada num contexto educacional, ajuda a compreender os elementos sociais, históricos e culturais que existiram numa determinada época.

Katia Abud (2003) enfatiza que o cinema, como forma de comunicação, é particularmente atraente para os estudantes. A autora acredita que a leitura de imagens em sala de aula nunca é passiva; ela estimula intensa atividade mental, estimulando a seleção, as relações entre os elementos e o diálogo com outras formas de linguagem.

Ao integrar a análise de filmes no sistema educativo, a arte visual torna-se uma poderosa ferramenta de ensino que melhora a compreensão dos alunos sobre experiências da vida real. Através do uso de metáforas e representações simbólicas, o cinema abre um mundo de diversas oportunidades de ensino. Conforme observado por Miranda, Rodriguez e Barros (2017), incorporar a arte como recurso educacional oferece uma nova perspectiva que incentiva os alunos a fazerem perguntas instigantes e a se engajarem no pensamento crítico.

É de extrema importância ressaltar que ao utilizar filmes na Educação Básica, o educador deve assumir a responsabilidade e estar bem-preparado. O professor deve reconhecer a importância dos cenários credíveis retratados nos filmes e estar pronto para iniciar discussões que desafiem os estereótipos, a discriminação e a aceitação da violência como algo normal. A formação para o ensino é absolutamente crucial para melhorar as competências de análise observacional e discernir as mensagens subjacentes às obras de ficção, promovendo assim o crescimento do pensamento crítico.

Metodologia de pesquisa

A pesquisa é do tipo descritiva e qualitativa, com foco na pesquisa observacional, para realizar uma análise fílmica da obra “Escritores da Liberdade”. Este filme foi escolhido por sua rica narrativa, que oferece múltiplas possibilidades de reflexão e aplicação no ensino de administração e educação básica. Ao se desenrolar no ambiente escolar, o episódio fornece uma análise aprofundada da dinâmica educacional, tornando-se um recurso valioso para o desenvolvimento de recomendações instrucionais para a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP).

Nova (2000) destaca o uso recente de recursos como filme e vídeo como meio de expressão de informação e conhecimento histórico. Segundo os autores, os pesquisadores têm se ocupado estudando a possibilidade de utilizar esse material como recurso para retratar o processo de construção de histórias. Portanto, podemos fazer uso dos recursos cinematográficos na área da educação.

Deleuze (1983) acrescenta que as imagens visuais têm uma função legível além de suas funções visíveis. Dessa forma, tudo além do conteúdo explícito do filme também deve fazer parte de sua análise, ou seja, a análise fílmica é considerada um conjunto de técnicas de pesquisa observacional que proporcionam ao pesquisador interpretações baseadas nos símbolos e significados do filme.

O percurso metodológico da pesquisa está dividido em três partes: (1) análise fílmica da obra para esclarecimento da trama e dos principais problemas vivenciados; (2) consolidação da análise fílmica e recursos apresentados no filme como uma proposta pedagógica embasada na ABP; (3) Proposta de prática de ensino. Os resultados são apresentados na próxima seção.

Resultados e discussões

Conforme mencionado na seção anterior, os resultados da pesquisa estão divididos em duas partes. De início, análise fílmica da obra mencionada.

Análise do filme

“Escritores da Liberdade” é um filme de drama norte-americano lançado em 2007, baseado na história real da professora Erin Gruwell, interpretada por Hillary Swank, e seus alunos, encenados por jovens atores amadores que compartilhavam experiências de vida semelhantes às de seus personagens apresentados na trama. O enredo se desenrola na Escola Wilson, localizada na Califórnia, que participa de um programa de integração governamental, buscando a interação entre estudantes de diferentes origens étnicas na mesma sala de aula.

Embora a Escola Wilson siga o modelo de integração, salas especiais e bem-organizadas são reservadas para alunos com melhor desempenho, com melhores equipamentos e materiais novos, enquanto os demais professores escolhem quais turmas desejam lecionar, mas sempre buscando evitar certas turmas. Erin Gruwell, uma ex-aluna de Direito que opta por se tornar professora, em que inicialmente, demonstra ingenuidade, timidez, curiosidade e determinação, desenvolvendo sua vocação para o magistério diante dos desafios encontrados entre os alunos e das adversidades burocráticas e conservadoras do sistema pedagógico, além da desaprovação de seu pai e marido.

O filme se situa em 1994, na sala 203, onde Erin Gruwell enfrenta sua primeira turma de alunos rotulados pela administração da escola como “problemáticos” e até como culpados pela queda do nível da escola. A turma, uma mistura étnica recomendada pelo programa de integração, inclui asiáticos, afro-americanos, latinos, vietnamitas, entre outros, muitos provenientes de vizinhanças agressivas e envolvidos com crimes e gangues de rua em Long Beach.

As primeiras semanas de aula são marcadas pela resistência dos alunos e uma série de confrontos dentro da sala de aula, que constantemente desafiam a professora, apostando quanto tempo ela permanecerá lecionando para aquela sala. O enredo ganha intensidade quando uma caricatura racial contra um dos alunos “Jamal” circula na sala, levando Erin Gruwell a compará-la às caricaturas nazistas dos judeus durante o Holocausto. Ao questionar os alunos sobre a intolerância e o Holocausto, a professora descobre que a maioria sequer conhecia o termo holocausto e os eventos passados.

Erin, tentando entender mais a fundo a história de cada um ali, ainda propõe uma dinâmica em que os alunos dariam um passo sempre que fossem questionados sobre determinado assunto e a resposta fosse positiva e vê uma situação delicada. Apesar de gostos musicais parecidos, outras questões mais sérias também uniam aqueles alunos de diferentes etnias, como quando questionados se já perderam conhecidos para as lutas de gangue ou se já foram alvos de disparos. Chocada com a realidade que conhecia, Erin Gruwell sentiu-se inspirada a não desistir deles. Determinada, ela busca motivar os alunos a aprenderem sobre tolerância, valorização pessoal, investimento em sonhos e continuidade nos estudos além da escola básica.

Uma ação impactante apresentada na trama da professora é levar os alunos ao Museu onde o Holocausto é retratado. Cenas emocionantes revelam o despertar dos alunos para a importância de não julgar os outros com base em raça ou cor.

A trilha sonora em ritmo de hip-hop e com trechos de Martin Luther King reforça a mensagem de construir sonhos e valorizar a diversidade. O filme destaca os problemas socioculturais enfrentados pela escola contemporânea, dando visibilidade à diversidade dos grupos, seus códigos de honra, a recusa narcisista e intolerâncias, além de relatar vidas reais e as relações e interações construídas entre a professora e os alunos.

Consolidação com a ABP

Após análise mais criteriosa do filme, foi possível identificar diversos elementos que demonstram como a narrativa cinematográfica e os conteúdos apresentados durante o enredo da trama se revelam como recursos valiosos para uma proposta pedagógica alinhada à Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP).

A protagonista do filme, Erin, desempenha um papel fundamental ao empregar e trazer para a sala de aula uma abordagem educacional inovadora, mesmo o filme se passando em 1994, combinando diferentes estratégias para cada vez mais envolver e inspirar seus alunos. A consolidação da análise fílmica somada com os recursos pedagógicos apresentados no filme resulta em uma proposta pedagógica muito integrativa e dinâmica.

Podemos citar de início o momento que Erin se utiliza de filmes como uma ótima ferramenta educacional, a qual proporcionou aos alunos uma compreensão ainda mais profunda das questões sociais, culturais e históricas dos eventos ocorridos no Holocausto. Essa abordagem no filme não apenas amplia o conhecimento dos estudantes, mas tem um forte estímulo na empatia entre eles e conecta diretamente aos princípios da ABP, que também enfatiza a prática do conhecimento em contextos retratados no mundo real (SOUZA, 2015).

Durante a trama, Erin também leva os alunos até o Museu da Tolerância, o que promove uma experiência prática e sensorial, conectando de forma ainda mais aprofundada aos eventos passados retratados no filme. Essa abordagem também se alinha à ABP, que valoriza a aprendizagem por meio de experiências concretas e a promoção de visitas técnicas que transcendem os limites da sala de aula.

Uma das cenas mais impactantes é quando Erin, mesmo sem apoio do sistema educacional, levanta recurso para presentear seus alunos com um livro novo, totalmente diferente do que eles normalmente costumavam receber. O livro em questão entregue “O Diário de Anne Frank” atrai considerável atenção dos jovens, levando-os a explorar os perigos do preconceito e extremismo. E através dessa atitude, é possível perceber o brilho nos olhos dos alunos, que através da literatura, começam a refletir, ponderar e encontrar respostas para diversos questionamentos e inclusive comparar suas histórias com as histórias do livro. Nesse contexto, a ABP encontra certa sinergia ao capacitar os alunos a explorar a literatura e relacioná-la aos desafios encontrados no mundo real (SCHMIDT, 2009).

O desenrolar da trama mostra que o entusiasmo dos alunos é tão marcante que a professora os conduz a encontrar judeus que experienciaram os horrores do Nazismo e posteriormente até a conhecer e escrever para Miep Gies, a mulher que escondeu Anne Frank dos nazistas, evento relatado no livro dos alunos. E essa iniciativa de Erin revela-se uma estratégia eficaz para contextualizar todo aprendizado.

Por fim, a consolidação dos recursos didáticos utilizados pela professora Erin Gruwell resulta em propostas de ensino inovadoras que incorporam harmoniosamente métodos de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). A ABP incentiva a aprendizagem independente, o trabalho colaborativo e a aplicação prática do conhecimento. Destaca-se que a ABP está intimamente integrada aos métodos adotados pelos protagonistas e é adequada também para a educação básica. O estímulo à curiosidade e à pesquisa ativa, combinado com o desenvolvimento de habilidades colaborativas e interpessoais, ajuda os alunos a receberem uma formação completa desde cedo. A avaliação formativa e a reflexão contínua potencializam o processo de aprendizagem, enquanto a adaptação dinâmica e a contextualização refletem a fluidez dos desafios contemporâneos.

Proposta de prática de ensino

Levando em consideração os ricos elementos didáticos apresentados no filme “Escritores da Liberdade” e as sugestões da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), desenvolvemos sugestões de práticas docentes (quadro 1) na educação básica que visam estimular a participação ativa dos alunos e promover a relevância da aprendizagem de forma a transcender a forma tradicional da educação atual.

Sessões de Cinema Pedagógico

Inicie a proposta através de sessões de cinema pedagógico. Proporcione aos alunos certos momentos de discussão e reflexão sobre os temas abordados nas sessões, levando os alunos a explorar suas opiniões e uma análise mais crítica dos conteúdos apresentados, visando fomentar questões sociais, históricas e até culturais.

Sugestão: Divertidamente (2015), Léo (2023)

Análise e Discussão de Livros

Interessante seguir os passos da Erin Gruwell ao introduzir livros influentes em sua prática docente. Sugira leituras de literatura sobre tópicos relevantes para os alunos, facilite discussões em sala de aula e incentive a escrita reflexiva. Os alunos são incentivados a compartilhar suas perspectivas e conectar a literatura às suas próprias experiências.

Sugestão: Como ser Amigo (Molly Wigand)

Visitas técnicas e exploração

Faça como Erin e proporcione experiências práticas por meio de visitas a locais relevantes para conectar o conteúdo à realidade dos alunos. Por exemplo, explorar espaços culturais, museus ou comunidades locais pode enriquecer a sua compreensão dos temas abordados. Encoraja-se a observação atenta e promove-se a análise crítica e a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.

Sugestão: Visitar monumentos históricos da própria cidade

Diálogos com figuras locais

Crie oportunidades para envolver os alunos em conversas significativas com figuras da comunidade local, incluindo profissionais, líderes e artistas. Estender convites a estes indivíduos, incentivando-os a partilhar as suas experiências e sabedoria únicas, promovendo uma ponte entre o conhecimento acadêmico e o mundo tangível. Através dessas interações, os alunos podem ser motivados a mergulhar em diversos pontos de vista e imaginar uma infinidade de caminhos potenciais a seguir.

Sugestão: Bombeiros, policiais, empreendedores.

Projeto de Escrita e Expressão Artística

Incentivar os alunos a participarem de atividades escritas e artísticas, promovendo a partilha das suas narrativas, reflexões e experiências únicas através de diversas formas de expressão, como textos, poesia ou desenhos. Esta iniciativa promove o crescimento da criatividade, da autoexpressão e da elaboração de narrativas pessoais individuais.

Sugestão:  Incentivar os alunos a escreverem diários, poesias etc.

Projetos interdisciplinares

Crie um projeto interdisciplinar que permita aos alunos se aprofundarem em questões sociais e culturais de uma forma que seja relevante para suas experiências cotidianas. Promova a pesquisa, a colaboração e a apresentação criativa de descobertas, integrando várias disciplinas e utilizando meios como apresentações, exposições ou criações artísticas. O objetivo desta abordagem é incentivar a Aprendizagem Baseada em Problemas, permitindo aos alunos enfrentar obstáculos sociais e culturais, trabalhar em equipe, aplicar conhecimentos de diversas áreas e propor soluções significativas e inventivas.

Sugestão: Projetos que visam avaliar problemas da cidade relacionados à sustentabilidade.

Avaliação formativa e reflexiva

Garanta que a avaliação formativa esteja perfeitamente integrada em todas as etapas do processo, oferecendo feedback contínuo aos alunos. Promova uma cultura de autorreflexão, levando os alunos a avaliar criticamente seu próprio crescimento, reconhecer os principais insights e estabelecer objetivos para avanços futuros. Os alunos precisam ser avaliados além do conhecimento adquirido. Portanto, o professor pode pontuar todo andamento do processo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

 

Considerações finais

A presente pesquisa trouxe, como parte de seus resultados, a análise fílmica da obra “Escritores da Liberdade”, considerando aqueles elementos mais relevantes da obra e suas lições e exemplos apresentados pela professora Erin Gruwell. A pesquisa identificou uma série de problemas retratados no filme, como diferenças étnicas, motivação, valores morais, responsabilidade socioambiental, cultura organizacional e como as práticas corretas podem transformar uma sala de aula. Essas práticas serviram como exemplos ilustrativos para a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), promovendo uma análise crítica e reflexiva que vai além das salas de aula tradicionais.

A proposta apresentada para a implementação de métodos de ensino na Educação Básica, inspirada no filme, oferece uma notável contribuição para o avanço de uma educação dinâmica e interdisciplinar. A recomendação de incorporar exibições de filmes, análise e discussão de livros, visitas técnicas, diálogos com figuras locais, projetos de escrita, expressão artística e projetos interdisciplinares introduz uma gama de abordagens destinadas a envolver efetivamente os alunos aos conteúdos estudados.

É crucial reconhecer as dificuldades associadas à implementação de diversos métodos de ensino, particularmente em áreas de educação básica. A preparação de professores desempenha um papel fundamental na abordagem desta questão, enfatizando a importância de programas de pós-graduação dedicados a preparar os futuros educadores de competências pedagógicas eficazes. É vital que estes programas priorizem a formação abrangente de professores, promovendo o desenvolvimento de pesquisas e abordagens pedagógicas inovadoras, como a interligação da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) com a análise de filmes.

Diante do exposto, recomenda-se que sejam realizadas mais investigações e iniciativas educacionais para explorar a combinação de Aprendizagem Baseada em Problemas e análise de filmes. O objetivo é aprimorar as experiências de aprendizagem dos alunos e promover o pensamento crítico, incorporando contextos sócio-históricos nas discussões teóricas.

Assim, pode-se concluir que a interligação da ABP e da análise de filmes não só melhora a experiência educacional, mas também desempenha um papel crucial na promoção do desenvolvimento de competências entre os alunos, preparando-os com as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios da sociedade moderna.

REFERÊNCIAS

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Imagem de destaque: Escritores da Liberdade (2007)

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