Tenho como primeira formação a graduação em Medicina Veterinária, mas ser professor sempre fez parte da minha trajetória, na minha infância e adolescência, sempre ajudava meus familiares com dificuldades escolares, para fazerem dever de casa e na recuperação. Quando entrei na minha graduação logo após meu primeiro período fiz meu CAT, para lecionar na SEE-MG, foi quando fiz prova para ser monitor de química analítica e citologia, logo no segundo período, também entrei para lecionar química no cursinho popular da Igreja do meu querido bairro “Pombal” na periferia de Betim-MG. Foi neste cursinho que me deixou realmente com a pulga atrás da orelha, por que retornar a minha comunidade e poder contribuir para várias colegas terem a oportunidade de ingressarem na universidade, algo que em 2006 era muito difícil, foi muito bom, me fez enxergar como o professor tem o poder de transformação social, dentro de uma sociedade. Continuei minha caminhada na docência, sendo monitor de Histologia Veterinária, Parasitologia Veterinária, produzindo oficinas em comunidade assistidas do Projeto Rondon, assentamentos de Sem Terra, Comunidades Quilombolas, até me formar em Medicina Veterinária. Após minha formatura, fui viver na Argentina por um ano e fui convidado a dar uma Classe para os alunos de Graduação em Medicina Veterinária e Medicina, sobre o Sistema Único de Saúde do Brasil. No regresso ao Brasil, participei de uma designação junto com minha companheira para professor, e precisavam de um professor de Química, em uma turma extremamente “problemática” que todos professores que pegavam desistiram, então foi me oferecido o desafio e como já havia sido professor em cursinho popular e monitor de química, aceitei o desafio. Novamente esta experiência foi extremamente prazerosa e me fez sentir útil para sociedade, podendo contribuir com alunos que tinham a mesma realidade onde eu cresci, com um comportamento como o meu quando estudava em escolas públicas como eles, sabendo disso tive empatia e me coloquei no lugar deles, busquei o básico escutar o que eles queriam como atividades de química e como queriam. Buscamos construir em conjunto a melhor forma de trabalhar os conteúdos, de forma horizontal, sem o autoritarismo habitual, que eles estavam acostumado dos outros professores, então as aulas foram um sucesso. Mas fiquei sabendo que na sala dos professores faziam aposta de quanto tempo eu ia dura, e fiquei até o final. Este sentimento era muito diferente do que sentia, no meu trabalho tradicional de clínica veterinária, do ponto de vista social, não me sentia tão útil. Por isso resolvi me formar como docente, ter habilitação em licenciatura em Ciências Biológicas. Nesta trajetória como professor de anos finais do ensino fundamental e ensino médio, fui novamente desafiado, após ser aprovado em um concurso no interior de Minas, onde exigia somente Licenciatura, quando tomei posse, fui enviado para uma escola do Campo Quilombola de anos iniciais multi-seriada, então tive que me reinventar e buscar didáticas e abordagens pedagógicas diferentes e fazer uma nova habilitação em Pedagogia. Com toda essa bagagem de experiência, buscava continuidade na formação continuada de professor, quando surgiu a oportunidade de cursar o Mestrado Profissional PROFBIO, onde desenvolvi uma sequência didática, voltada para EJA. Hoje estou Professor da SEE-MG engajado no Grupo de Pesquisa Educação, Mineração e Território – EduMiTe.

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