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Tecnologias digitais da informação e comunicação no Ensino Médio: o uso do vídeo educativo na prática pedagógica

Rosana Dantas

Rosana Dantas dos Santos

Professora de Ciências e de Biologia no ensino fundamental II e no ensino médio do Colégio Estadual Henriqueta Martins Catharino. Sou licenciada em Pedagogia pela Umiversidade do Estado da Bahia (Uneb) e em Biologia pela Uniftc. Especialista em Administração Pública pela Universidade Estadual de Feira de Santana ( UFES). Mestra em Tecnologias Emergentes na Educação pela Must Universiy , USA.

E-mail: dantasrosana029@gmail.com

No cenário atual, o uso do vídeo educativo é um recurso tecnológico acessível e com potencial de motivar as aulas dos professores, principalmente com o uso da TV smart digital. Desse modo, a escola vem superando as dificuldades de utilizar novas tecnologias e de inserir nas práticas pedagógicas os avanços dos meios de comunicação e informação.

Os jovens da nova geração estão cada vez mais conectados às novas tecnologias digitais, têm fácil acesso e interesse em imagens e áudios, disponíveis na Internet. Esses indivíduos são caracterizados de Geração Z, os nascidos nos anos 1990 a 2000 em diante, que têm uma dependência com a tecnologia, recebendo inúmeras informações seja pelo smartphone, TV digital, computador, mp4.

Essa geração se comunica utilizando imagens visuais, como vídeos ou fotos com seus celulares, porém geralmente apresenta dificuldade de se concentrar na escrita e na leitura. Desse modo, os professores têm o grande desafio de tornar as aulas motivadoras e atrair a atenção destes jovens. Vale ressaltar que as tecnologias digitais estão cada vez mais presentes nas escolas, e que cada vez mais a presença de dispositivos de som e imagens  se inserem na sala de aula. Isso reflete uma “lógica operacional que se tornou predominante no que convencionamos chamar de modernidade histórica” (SOARES, 2016, p.84). Desse modo, é importante ter cuidados para a inserção da tecnologia na sala, o que está melho detalhado no próximo parágrafo. 

Nesse bojo, para inserir os recursos tecnológicos, como o vídeo educativo, na sala de aula é necessário entender sua aplicabilidade, as implicações de seu uso para despertar o interesse e atenção dos estudantes, principalmente do ensino médio, em que exige uma abstração dos conteúdos.

As videoaulas podem ser facilitadores para o aprendizado de novos conteúdos e para desenvolver o raciocínio do aluno diante de situações não vividas em sala de aula. O professor tem uma missão muito importante de trabalhar como mediador para escolher o que mais se adequa ao seu cronograma de aulas e fazer com que o aluno faça parte do processo de aprendizagem (SILVA et al., 2019, p.10).

É importante destacar que a prática pedagógica de promover aulas atrativas com esse recurso depende da mediação do professor e da capacidade de apropriar-se dele, podendo pausar, retroceder e avançar o vídeo, delineando em que momento e de que modo ele será usado na aula, adequando ao perfil da turma. Nesse bojo, a prática pedagógica está pautada na educação crítica em que os estudantes possam abordar questões sociais relevantes, bem como desenvolverem habilidades essenciais como a empatia, a colaboração e a capacidade de argumentação. Nessa perspectiva, essas práticas exigem criatividade e flexibilidade dos professores,  que devem adaptar sua metodologia  às necessidades dos estudantes.

Em face do exposto, apresenta-se como problema de pesquisa abordar a seguinte questão: quais as contribuições do uso do vídeo educativo como recurso tecnológico na prática pedagógica dos professores no ensino médio, visando a aprendizagem contextualizada dos alunos? 

O tema abordado foi escolhido por acreditar que ao assistir vídeos educativos os estudantes do ensino médio reforçam ou compreendem melhor o assunto dado em sala de aula, considerando a abordagem histórica, científica e cultural veiculada nestes recursos audiovisuais. Desse modo, trata-se de analisar se o uso de vídeo no ensino médio é um recurso tecnológico que motiva as aulas, contribuindo para o aprendizado contextualizado dos estudantes. É sabido, segundo Izarias et al. (2018, p.1) que “a força da linguagem audiovisual é ampla, podendo ser utilizada para a aprendizagem do aluno, devido ao fato de conseguirem dizer muito mais do que podem captar com a leitura ou exposição de um determinado assunto.” Os vídeos educativos considerados para o Ensino Médio nessa pesquisa são aqueles que incluem apresentação de conteúdos, simulação, curiosidades, animações, abordagens contextualizadas.

Em consonância com essa ideia, 

os vídeos se apresentam como ferramentas de simples acesso, podendo ser utilizados para diversos fins dentro da educação, assim como podem ser associados à vida cotidiana dos indivíduos envolvidos. Sendo uma mídia conhecida até mesmo por indivíduos que não são nascidos na era da tecnologia, o vídeo pode abrir diversas possibilidades para a atração dos estudantes, contribuindo para a possibilidade de melhora na qualidade da educação e relações escolares (SILVEIRA; CARVALHO, 2020, p.3)

Diante desse cenário, investiga-se a contribuição do vídeo educativo para a prática no ensino médio e se é um recurso motivador para a construção de conhecimentos, com a mediação do professor. No contexto escolar, muitos professores utilizam vídeos educativos, mas o grande desafio é selecioná-los para atender às necessidades do educando e os objetivos de ensino-aprendizagem, bem como usá-lo como material motivador, gerador de discussões críticas com base em informações científicas, contextualizadas e consistentes.

Essa pesquisa tem como objetivo geral analisar a contribuição do uso do vídeo educativo na prática pedagógica dos professores do Ensino Médio. Desdobra-se em objetivos específicos: Discutir as tecnologias digitais da informação e comunicação no Ensino Médio; Refletir sobre a prática pedagógica no ensino médio; Verificar as contribuições do uso do vídeo educativo na prática pedagógica para o aluno do ensino médio, na visão de professores.

Metodologia

No que se refere à metodologia aplicada, apresenta-se uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa com revisão de literatura sobre o tema, pesquisa em fonte documental e bibliográfica. Desse modo, a pesquisa exploratória constitui uma investigação de alcance mais amplo, por meio de procedimentos mais sistematizados, possibilitando a realização da análise e interpretação dos fatos, ou seja, aliando a visão teórica com os dados da realidade. 

A metodologia consta de uma pesquisa de campo, usando como instrumento um questionário com treze (13) questões aplicadas para dezenove (19) professores do Ensino Médio de uma escola estadual baiana, localizada na comunidade do Engenho Velho da Federação, em Salvador, que oferece educação no tempo integral para o Ensino Fundamental, ensino regular para o Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos, tendo como o objetivo de analisar as contribuições do uso do vídeo educativo na prática pedagógica para a aprendizagem dos alunos.

As TDIC no Ensino Médio do Estado da Bahia

Para elucidar o tema, aborda-se sobre a política curricular para a reforma do Ensino Médio no Estado da Bahia que é concebida como uma política indutora para refletir e apontar estratégias com vistas à melhoria desta etapa, em relação às taxas de rendimento escolar e de desempenho acadêmico dos/as estudantes baianos/a, das escolas públicas e privadas. 

Nesse contexto, um dos princípios específicos para orientar a implementação curricular do Ensino Médio baiano, de acordo com Bahia (2021, p.25) “a integração entre educação e as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular”. 

No novo Ensino Médio no Estado da Bahia, os professores devem contextualizar os conteúdos referentes à escola, município, estado, cultura, valores, associando as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura. O termo tecnologia abordado é apresentado “como a transformação da ciência em força produtiva ou mediação do conhecimento científico e a produção marcada desde sua origem pelas relações sociais que a levaram a ser produzida” (BAHIA, 2021, p. 36). No entanto, segundo Barreto (2012), embora essas tecnologias sejam consideradas como estímulos para a democratização da informação, na prática funcionam como molas propulsoras de hegemonização, em que o indivíduo precisa dominar a tecnologia para ser inserido no mercado do trabalho.

O uso do vídeo como ferramenta de aprendizagem no Ensino Médio

O uso do vídeo educativo, voltado para motivação de aulas, simulacão, abordagem contextualizada de conteúdos relevantes, apresenta vantagens no aprendizado, segundo Moran como citado por Rubia (2018), pois resume e explica conceitos, associa o conteúdo à realidade vivenciada, apresenta situações diferentes de um tema e motiva o estudante. Complementando essa concepção, Silva et al. (2019) afirmam que o vídeo pode ser bem utilizado em qualquer área do conhecimento e modalidade de ensino, que os professores e os alunos podem inovar no processo de ensino e aprendizagem.

Conforme Souza (2018), os vídeos como recursos didáticos podem proporcionar o aprendizado de modo lúdico e interessante, oferecendo aos profissionais ferramentas eficientes para que os estudantes tenham ganhos significativos na relação ensino-aprendizagem. 

Segundo Volpi (2019), o vídeo pode ser considerado um recurso pedagógico mais importante da linguagem audiovisual, por ser vantajoso para o trabalho docente e para o processo de aprendizagem. “Embora, ele possa muitas vezes falar por si mesmo, a presença de um professor é fundamental para que seja feita uma análise do que se vê.” Para Barreto (2012), é necessário ressignificar a tecnologia aliando os recursos materiais aos humanos. Deve-se considerar que o professor é a tecnologia mais cara: exige formação permanente, deve atender número limitado de estudantes, precisa de boa remuneração e condições favoráveis ao trabalho, tempo para planejamento e avaliação, tornando mais rentável a produção de material que atinja o maior número de alunos. 

Para Mandarino (2012), como citado em Volpi (2019), o vídeo pode ter a finalidade de mostrar conceitos novos ou já trabalhados no sentido de despertar a curiosidade do estudante, além de transmitir as concepções básicas relacionadas com o assunto da aula; o vídeo pode aliar o conhecimento científico ao cotidiano, fazendo com que algumas ideias do senso comum se embasem na ciência; o vídeo pode ser utilizado como instrumento de leitura crítica do mundo.

No entanto, tudo isso exige do professor alguns cuidados que devem ser tomados. De acordo com Silva et al. (2019), o vídeo deve ser analisado e revisado, verificando se é adequado para a aprendizagem e está de acordo com o nível de conhecimento dos estudantes. Cabe ao docente a tarefa de analisar os vídeos educativos que apresentem melhor conteúdo, sendo aproveitados da melhor forma possível pelos alunos. 

Souza (2018) aponta critérios a serem observados antes, durante e após o uso de vídeo pelos professores: 

  1. Observar o funcionamento dos equipamentos da internet para evitar desperdício de tempo.
  2. Pesquisar a temática a partir do objetivo de aprendizagem para encontrar diferentes vídeos que podem ser usados com o mesmo propósito.
  3. Assistir vários vídeos sobre a temática para verificar quais os conteúdos estão condizentes com a temática e objetivo da aula. 
  4. Verificar se o conteúdo tem credibilidade científica e qualidade de imagem e som. 
  5. Observar a duração do vídeo e adequar a faixa etária dos alunos.
  6. Planejar os objetivos da aula e as estratégias a serem utilizadas durante e após o vídeo. Fazer o agendamento de equipamento e decidir se o aluno realizará produções escritas ou debates, se ele irá enfatizar algum conceito ao pausar o vídeo. 
  7. Apresentar o objetivo, nome e duração do vídeo para os alunos e o comportamento esperado deles. 
  8. Com o planejamento feito na etapa 6, usar outras estratégias para aprofundar a temática. Os docentes devem apresentar outras atividades, potencializando o uso do vídeo educativo. Segundo Flusser (2009),  as imagens que substituem eventos em cenas exigem um planejamento para trabalhar com elas.

Segundo Hergemoller e Shwertner (2018), como citado em Franco (2020), os vídeos educacionais não devem ser vistos como um método que tem por objetivo apenas diversificar as aulas. Estes podem ser vistos como uma pedagogia cultural, contribuindo para a inserção dos “nativos digitais”, como protagonistas em seu processo de produção do conhecimento. Nesse sentido, os vídeos educativos devem fazer parte da cultura digital, em que os adolescentes e jovens do Ensino Médio estão inseridos, possibilitando para que sejam proativos no processo ensino aprendizagem. Nesse bojo, o currículo influencia a prática, mas não a determina; estabelece parâmetros que podem ser interpretados e usados como referências para os estudantes e professores.

Vale salientar que o professor deve estar atento à finalidade do vídeo, pois alguns desses podem abordar conteúdos de forma descontextualizada e não incentivam à criticidade dos estudantes. Porém, segundo os autores mencionados nessa pesquisa, os vídeos educativos favorecem a construção do saber, o desenvolvimento da criatividade do aluno e podem enriquecer o conteúdo ministrado pelo professor.

Pesquisa de campo: contribuições do uso do vídeo na prática pedagógica dos professores do Ensino Médio 

Este tema visa apresentar os dados e a análise da pesquisa de campo realizada em uma escola da rede estadual de ensino, que atende o Ensino Médio, em Salvador, Bahia. 

O instrumento usado para a coleta de dados foi um questionário disponibilizado na plataforma Google forms, com 13 questões aplicadas para 19 professores do Ensino Médio da referida escola, com o objetivo de analisar as contribuições do uso do vídeo educativo como recurso tecnológico na prática pedagógica dos professores no Ensino Médio, visando a aprendizagem contextualizada dos alunos. A análise dos dados da pesquisa de campo foi articulada com os referenciais teóricos de Franco (2020), Júnior (2019) e Rúbia (2018) para melhor esclarecimento sobre a temática. 

O vídeo educativo foi escolhido por ser um recurso tecnológico mais acessível aos professores e aos alunos que são adolescentes e jovens que já nasceram no mundo digital sendo chamados de  “nativos digitais”. Nesta pesquisa, as contribuições do uso do vídeo educativo na prática pedagógica para o aluno do ensino médio serão abordadas na visão de professores.

Inicialmente, as características gerais dos participantes da pesquisa são abordadas para detalhamento do perfil dos professores do Ensino Médio nesta unidade escolar.

No que se refere à disciplina que o professor ministra, os professores de todas as disciplinas responderam o questionário. Existem professores que ensinam mais de uma disciplina, exigindo planejamento, estudo e recursos didáticos e tecnológicos para desenvolver as aulas.

Em relação à série que leciona no Ensino Médio nesta unidade escolar, os professores ensinam várias séries do Ensino Médio, bem como na modalidade Educação de Jovens e Adultos, que é dividida em Etapa 6 (equivalente à 1ª e 2ª série do Ensino Médio) e em Etapa 7 (equivalente à 3ª série do Ensino Médio). Houve aumento de número de turmas para completar a programação de horas-aula do professor, que de acordo com o Novo Ensino Médio, reduziu a carga horária das disciplinas. 

No que diz respeito à carga horária do professor nesta unidade escolar, a maioria trabalha somente nesta escola, e 42,1% dos professores trabalham em outra instituição. 

Em relação ao tempo de serviço no magistério, regitrou-se que 36,8% dos professores têm entre 20 a 25 anos de serviço e 15,8% têm mais de 25 anos. Isso significa que apresentam uma vasta experiência na carreira, conhecendo a realidade do Ensino Médio e como se concebe o processo de ensino e aprendizagem na prática; 26,3% têm entre 5 a 10 anos, 15,8% estão iniciando a carreira, entrando em contato com a realidade dos adolescentes e jovens no Ensino Médio.

Quanto ao nível de escolaridade, 36,8% dos professores têm nível superior, curso de licenciatura. A formação de professores para atuar na educação básica, segundo a LDB, Art. 62, deve ser em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida como formação mínima para o exercício do magistério. 36,8% dos docentes apresentam especialização (lato sensu) e 26,3% têm mestrado, o que significa que os professores são capacitados academicamente para atuar na educação.

Referente às contribuições do uso do vídeo educativo como recurso tecnológico na prática pedagógica dos professores no Ensino Médio, visando a aprendizagem contextualizada dos alunos, percebe-se que todos os professores usam ou usaram o vídeo na sua prática pedagógica, sendo que 42,1% usam ou usaram às vezes. 

Conforme Rubia (2018), o vídeo – o recurso didático abordado com ênfase nessa pesquisa -, por sua linguagem multimídia, é uma das mídias mais completas e com maior alcance. De acordo com Moran (2015), como citado em Franco (2020, p. 46) afirma que os vídeos, enquanto tecnologia audiovisual, podem ser considerados como ferramentas que facilitam o acesso às informações, valorizando a imagem, o áudio e envolvendo os aspectos sensoriais, o que favorece o desenvolvimento de aspectos cognitivos, já que os mesmos podem facilitar as interações sociais que fazem parte do processo de desenvolvimento psicossocial humano.

No que diz respeito ao uso de vídeo educativo na prática pedagógica dos professores, 84,2% afirmaram que tem por finalidade motivar o interesse pelo tema, 78,9% pretendem dinamizar a aula, 78,9% favorecer a compreensão pela visualização de imagens, 73% facilitar a aprendizagem, 68,4% contextualizar o assunto, 68,4% contextualizar o assunto, 47,4% promover a interdisciplinaridade, 26,3% desenvolver a autonomia.

Mostra-se que o vídeo é um recurso motivador, que bem utilizado pode potencializar as aulas, favorecendo a aprendizagem contextualizada dos estudantes do ensino médio. De acordo com Júnior (2019), esse recurso oportuniza contextualizar a informação, tendo a probabilidade de avançar além do tema exibido no vídeo. Em consonância com essa concepção, 

este recurso pode ser utilizado para auxiliar no processo de ensino e de aprendizagem, analisando suas características, já descritas, que poderão promover, conjuntamente, dinamicidade na aula, linguagem que facilita a compreensão por parte do estudante, dentre outros. Frente a isto é um recurso que deverá motivar o aluno, no que diz respeito ao seu processo de aprendizagem e que deverá ponderar infinidade de formas para que sejam utilizados, como as videoaulas, o registro delas, associando-as às experiências adquiridas a partir do desenvolvimento do vídeo, entrevistas, entre outros (MORAN como citado em FRANCO, 2020, p. 45).

No que se refere à duração dos vídeos postados na sala de aula, os principais destaques são: 36,8% vídeos de 5 a 10 minutos e 36,8% com a duração de 15 a 20 minutos, 15,8% mais de 20 minutos e 10,5% até 5 minutos. Em consonância com os dados dessa pesquisa, segundo Júnior (2019, p.38) a vantagem do uso de vídeo de curta duração faz com que os alunos não se cansem de assistir, evitando a dispersão.

No tocante ao equipamento usado para postagem de vídeo educativo, 52,6% dos professores do Ensino Médio usam ou usaram a TV digital, pois a escola tem 2 TV digitais, estando uma na sala de multiuso e outra, no auditório, 36,8% usaram o computador, 10,5% usaram o smartphone, principalmente no período da aula remota, devido ao contexto pandêmico da COVID-19. 

Em relação ao uso de vídeos educativos e se estes são previstos no planejamento escolar, os professores fizeram os seguintes relatos: 16 responderam sim, sendo apenas 2 responderam às vezes. Apresentam como justificativa: 

“Dinamiza as aulas e amplia determinadas questões que dependem do visual.”,  “pois é uma ferramenta importante na prática pedagógica.”

 “As novas tecnologias estão aí para nos ajudar e enriquecer nossas aulas. Os alunos nasceram na área destas novas ferramentas, eles dominam e gostam delas”. 

No tocante aos critérios de seleção dos vídeos para os alunos do Ensino Médio, 100% dos docentes escolhem os vídeos de acordo com o conteúdo estudado; 68,4% escolhem de acordo com a qualidade do vídeo: imagem, som e movimento; 63,2% escolhem de acordo com a duração do vídeo. Percebe-se que o vídeo como um instrumento de reflexão deve-se associar com o tema proposto pelo professor, com a qualidade técnica do recurso e com a forma como o docente ministrará a turma para receber esse assunto por meio deste. De acordo com essa ideia, se o vídeo for 

empregado de forma sólida e adequada, como um recurso didático, a linguagem audiovisual, o vídeo, pode ser relevante para se promover a aproximação do aluno com o tema da aula e com o professor, pois deixa que o estudante se perceba inserido no conteúdo, provocando o pensamento crítico e reflexivo (RUBIA, 2018, p.29)

Quanto às dificuldades e/ou limitações percebidas ao usar o vídeo educativo na prática pedagógica no Ensino Médio, 84,2% afirmam que faltam ou têm poucos equipamentos na escola, uma vez que têm apenas 2 TV digitais; 31,6% têm dificuldade de acesso ao vídeo, 33% não sabem ou dominam o uso desse recurso, 26,3% apresentam como dificuldade a dispersão dos alunos, 15,8% afirmam que o recurso não está disponível. É importante que haja recurso para aquisição de TV digitais ou outro equipamento tecnológico para viabilizar as aulas, bem como a manutenção destes. Outro aspecto diz respeito à falta de domínio sobre o uso do vídeo, faz-se necessário a escola ofertar oficinas para usar o vídeo, como gravar trechos, como converter para mp4, como usá-lo nos equipamentos digitais. 

Referente às orientações que o professor daria para o uso do vídeo na sua disciplina no Ensino Médio, as principais abordam orientações dos vídeos e sobre a metodologia. 

a) Sobre o conteúdo os professores destacaram: 

“Que fosse bem interessante e que pudesse realmente ajudar no aprendizado dos alunos.” 

“Escolha de vídeos adequados para faixa etária dos estudantes.”

“Usar em assuntos que necessitem de recursos audiovisuais.”

“Utilizar vídeos que propiciem maior contextualização”.

b) Sobre a metodologia para utilização de vídeos: 

“Busco vídeos dinâmicos, entre 5 a 10 minutos. Geralmente, uso mais de um vídeo, com abordagens diferentes sobre o assunto.”

“Pediria para prestarem atenção, falaria um pouco do vídeo associando-o com o conteúdo abordado em sala.”

“Selecionar vídeos curtos para que os estudantes não percam a atenção; formular previamente algumas perguntas que são respondidas a partir do vídeo a fim de que as informações do vídeo sejam assimiladas e explicar a finalidade do vídeo na construção do tema abordado.”

“Em um ambiente multimídia, é possível criar canais de comunicação com o aluno através de suas múltiplas percepções.”

“Selecionar mais de um vídeo, com duração de no máximo 10 minutos cada, que contextualizem o conteúdo a ser estudado, e, a partir daí, realizar intervenções pedagógicas (comentários, problematizações etc), durante ou após suas exibições. O objetivo será otimizar o tempo da aula e aprofundar o estudo do(s) conteúdo(s) a serem ensinados/aprendidos”.

“Após assistir ao vídeo, estimular a discussão a respeito do assunto exibido, favorecendo o senso crítico dos alunos.”

  • Observa-se que as orientações estão condizentes com as respostas dadas no questionário, apresentando diversas possibilidades de estratégias após o uso do vídeo, percebendo que a mediação do professor é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. Segundo Rubia (2018), quando o docente utiliza dessa ferramenta, pode tornar a aprendizagem dos estudantes mais significativa, acessível, contextualizada e evitando que as aulas se tornem uniformes e cansativas. O autor Franco (2020) fundamenta que é importante destacar que a inserção dos vídeos no processo de ensino e de aprendizagem a partir da mediação pedagógica, os diferentes atores envolvidos no processo de ensino devem proporcionar a significação do aprendizado. Em consonância com essa ideia, o autor Júnior (2019) afirma que o professor é o agente fundamental na transformação da prática pedagógica. Para que ocorram mudanças no nível de aprendizado é necessário que ele analise sua concepção de ensino, de que modo pode aperfeiçoar sua metodologia, bem como deve investigar de que maneira as inúmeras tecnologias serão capazes de ajudá-lo.

Considerações finais

Esta pesquisa apresentou como objetivo geral analisar a contribuição do uso do vídeo educativo na prática pedagógica dos professores do Ensino Médio. No que diz respeito ao objetivo específico de discutir as tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) no Ensino Médio, concluiu-se que o uso das TDIC é um recurso que pode facilitar o processo ensino-aprendizagem, na mediação dos diversos temas explorados pelos professores na sala de aula e que pode promover o protagonismo e a autonomia do aluno. 

Referente ao objetivo específico de refletir sobre a prática pedagógica e uso das TDIC no Ensino Médio, foi abordado que a prática pedagógica no Ensino Médio deve estabelecer estratégias com o uso das TDIC para que os alunos assimilem o conhecimento e desenvolvam suas capacidades cognitivas. As TDIC proporcionam um conhecimento mais amplo quando são usados adequadamente na sala de aula, possibilitam metodologias inovadoras e flexíveis que fomentem o conhecimento, aperfeiçoando o fazer pedagógico dos docentes no Ensino Médio. 

No que se refere ao objetivo específico de verificar as contribuições do uso do vídeo educativo na prática pedagógica para o aluno do Ensino Médio, na visão de professores, foi evidenciado que os sujeitos pesquisados consideram o vídeo como um recurso fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. A amostra contou com 19 professores do Ensino Médio de uma escola pública da rede estadual, em Salvador, Bahia.

Em relação às categorias analisadas, conclui-se que estes professores usam ou usaram o vídeo na sua prática pedagógica e afirmaram que seu uso tem por finalidade principal motivar o interesse pelo tema, dinamizar a aula, favorecer a compreensão pela visualização de imagens, facilitar a aprendizagem, contextualizar o assunto, promover a interdisciplinaridade e desenvolver a autonomia. Nesse sentido, o vídeo educativo é um suporte audiovisual motivacional que favorece a compreensão do que é estudado, que a maioria dos docentes do Ensino Médio usam vídeos com curta duração para evitar dispersão e favorecer a concentração dos estudantes. Percebe-se também que o equipamento que mais se destacou na pesquisa para postagem de vídeos educativos foi a TV digital. Isso significa que esse recurso tecnológico usado na sala de aula é mais acessível por se encontrar em uma sala multiuso e no auditório da escola.

Para a categoria de planejamento das aulas com vídeo educativo no Ensino Médio, conclui-se que a escola não pode ignorar as novas tecnologias e que estas ajudam e enriquecem as aulas, uma vez que os alunos são “nativos digitais”. Com relação às dificuldades e/ou limitações percebidas ao usar o vídeo educativo na prática pedagógica no Ensino Médio, os professores afirmam que faltam ou existem poucos equipamentos na escola, não sabem ou dominam o uso desse recurso, apresentam como dificuldade a dispersão dos alunos, afirmam que o recurso não está disponível. É importante que haja recurso financeiro para aquisição e manutenção de equipamentos tecnológicos para viabilizar as aulas. Em relação à falta de domínio sobre o uso do vídeo, é necessário capacitar os professores para o uso das TDIC pois muitos sentem dificuldade em usá-las, como baixar vídeos, usar as ferramentas da TV smart e dos smartphones. Vale lembrar que a formação inicial dos professores não contemplava o uso das novas tecnologias, pois muitos têm anos de formados. Além disso, outro agravante é a ausência dos recursos tecnológicos e a internet que funciona de forma precária, alcançando alguns pontos da escola. É  necessário que haja recursos financeiros para investir em uma rede de internet de longo alcance na escola.Referente à categoria das orientações que o professor daria para o uso do vídeo na sua disciplina no Ensino Médio, as principais abordagens foram quanto ao conteúdo do vídeo educativo, que deve ter boa qualidade de imagem e som, ser adequado à faixa etária e deve ser seguido de debates. Quanto à metodologia para utilização de vídeos, estes devem ser dinâmicos com abordagens diferentes sobre o tema, deve ser apresentada a finalidade do vídeo para os estudantes, criar canais de comunicação com o estudante por meio de suas múltiplas percepções, realizar intervenções pedagógicas durante ou após suas exibições para otimizar o tempo da aula e aprofundar o conteúdo, favorecendo o senso crítico dos alunos. Face ao exposto, é possível que os resultados dessa pesquisa possam subsidiar novas práticas pedagógicas no Ensino Médio com uso do vídeo educativo, contribuindo com a aprendizagem contextualizada dos alunos e com a formação continuada dos professores.     

Referências

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BAHIA. Relatório de Avaliação do PPA 2020-2023. Disponível em  Relatório de Avaliação do PPA 2020-2023 (seplan.ba.gov.br). Acesso em: 21 ago. 2022.

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BRASIL. Reestruturação e expansão do ensino médio no Brasil, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/2008/interministerialresumo2.pdf. Acesso em: 11  ago. 2022. 

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FRANCO, L. C. Vídeos do Youtube: aproximações e distanciamentos em relação à produção do conhecimento, 2020. Disponível em:     https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=9159540. Acesso em: 28 jul.  2022.

FLUSSER, V. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. 2009. Disponível em: Filosofia_da_Caixa_Preta_Vilem_Flusser. Acesso em: 17 out.2024.

IZARIAS, N. S. et al.  Uso de vídeos como recurso pedagógico para o ensino de Química no ensino médio., 2018. Disponível em:  http://www.abq.org.br/simpequi/2018/trabalhos/90/628-16269.html. Acesso em: 28  jul. 2022.

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RUBIA, M. A. Prática docente no ensino superior: as possibilidades do vídeo como recurso didático-pedagógico, 2018. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=7423339. Acesso em: 29 jul. 2022. 

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SOUZA, J. B. Proposta de uma matriz de referência em ciência, tecnologia e sociedade (CTS) para análise de vídeos de ensino de Ciências no canal Youtube. 2018. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=7226247. Acesso em: 01 set. 2022.

VOLPI, E. L. O vídeo como ferramenta pedagógica na sala de aula. 2019. Disponível em: http://dspace.nead.ufsj.edu.br/trabalhospublicos/bitstream/handle/123456789/427/TCC%20Eliana%20Volpi.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 01 set. 2022.

SANTOS, Rosana Dantas dos. TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO MÉDIO: O USO DO VÍDEO EDUCATIVO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA. Revista Brasileira de Educação Básica, Belo Horizonte – online, Vol. 8, Número 32, novembro, 2024, ISSN 2526-1126. Disponível em: (link). Acesso em: XX(dia) XXX(mês). XXXX(ano).

Imagem de destaque: fotografada pela autora Rosana Dantas dos Santos em 07/11/2024

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