Imagem Que Ilustra O Artigo  Microbilogia E Higiene No Ambiente Escolar RBEB N4

Microbiologia e higiene no ambiente escolar

pedro

Pedro Luiz Teixeira de Camargo

Graduado em Ciências Biológicas (UFOP-MG), Especialista em Planejamento e Gestão da Educação a Distância (UFF-RJ); Gestão Ambiental e Mestre em Sustentabilidade Socioeconômica Ambiental (UFOP-MG). Atualmente é Doutorando em Evolução Crustal e Recursos Naturais também pela UFOP-MG. Atuou como tutor EAD do curso de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) oferecido pela ANA-Itaipu e do curso técnico de Controle Ambiental do IFMG (2012-2015) onde esteve também como Professor Formador da disciplina Economia Ambiental (2016) e atualmente atua como Professor Mediador a Distância do mesmo curso. É Professor Efetivo de Ciências na Prefeitura de Ouro Preto e de Biologia do estado de Minas Gerais. Área de atuação: Economia Ambiental e Ecológica; Manejo Florístico e Reflorestamento; Biodiversidade; Gestão e Educação Ambiental; Ensino à Distância.

E-mail: pedro0peixe@yahoo.com.br

Otávio Henrique

Otavio Henrique Ferreira da Silva

Licenciado em Matemática, Graduado em Administração, Mestre em Educação e Docência (UFMG). É professor da Educação Básica na Rede Estadual de Educação de Minas Gerais e na Rede Municipal de Educação de Ibirité/MG. Atual como docente no curso de Especialização em Educação Empreendedora da UFSJ. Integrante do grupo de pesquisa PERFFIL (UFMG).

E-mail: hota_otavio_om@hotmail.com

Os conhecimentos de microbiologia se fazem cada vez mais necessários no ensino de Ciências e Biologia, em especial na Educação Básica. Em geral, os estudos acerca dessa área do conhecimento são feitas de maneira estritamente teórica, dificultando o entendimento prático por parte dos alunos acerca da temática proposta. Independente da pouca infraestrutura presente nas escolas públicas, os exames externos, assim como o mercado de trabalho, exigem cada vez mais discentes capazes de pensar e resolver as mais diversas situações adversas.

Dessa forma, tem sido incentivado, mesmo que de forma incipiente, projetos e debates que sejam capazes de desenvolver habilidades criativas nos alunos, algo apontado na literatura por diversos autores (ALENCAR, 2004). Um elemento-chave para a construção coletiva dessas habilidades descritas é o professor. Oliveira, Guerreiro e Bonfim (2007) descrevem como o papel facilitador do conhecimento desse profissional pode ser importante no processo de ensino e aprendizagem que será desenvolvido pelos estudantes. Assim, projetos e ações capazes de contribuir com a relação prática educacional devem ser vistos com bons olhos. Chinelli, Pereira e Aguiar (2008) demonstram como a experimentação pode contribuir significativamente no ensino construtivista de Ciências Naturais. Problematizar a natureza e suas relações físicas, químicas e biológicas pode ser encarado como um museu de novo tipo, onde os acervos práticos e teóricos podem contribuir para a construção do saber (LOPES; MURRIELLO, 2005).

Este artigo teve comoobjetivolevar os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio de Amarantina, Ouro Preto, MG a refletirem acerca da importância dos experimentos práticos para o ensino de Biologia por meio de cultivos microbiológicos e, ao mesmo tempo, mostrar como existem fungos e bactérias nos mais diversos espaços, com destaque para os locais costumeiramente considerados “sujos”, como banheiros e estantes empoeiradas.

METODOLOGIA

 Este estudo fez uso da metodologia microbiológica clássica (pesquisa bibliográfica e/ou documental), seguida do uso de materiais alternativos visando obtenção de resultado satisfatório por parte dos alunos do 1º ano A, do turno matutino,do Ensino Médio da escola apontada anteriormente.

Os estudantes foram divididos em quatro grupos, os quais teriam que explicar,após montagem e entendimento do experimento,o que aprenderam para os demais colegas na feira escolar de ciências. Para tanto, empregou-se gelatina sem sabor em substituição ao ágar como fonte de alimento para os micro-organismos e potes plásticos esterilizados no lugar de placas de petri. As culturas nas placas, após secarem, foram contaminadas com quatro tipos de amostras: micro-organismos do banheiro masculino da escola (1), do banheiro feminino (2), do canteiro de obras que a instituição de ensino se encontra (3) e do mouse dos computadores da sala de informática (4). Durante duas semanas, os potes ficaram isolados dentro do armário da biblioteca e só depois foram retirados para posterior observação e descrição do que foi encontrado. Quanto à visualização microscópica, utilizou-se o microscópio ocular Opton (Modelo TIM-2008) capaz de aumentar em 1,6 mil vezes o objeto observado.

Após pesquisa prévia da importância e do perigo dos micro-organismos para a vida humana, os alunos aprenderam como montar as próprias lâminas para observaçãoe,assim,testaram seus conhecimentos primeiramente com o uso de água potável para evitar contaminação e depois com as culturas prontas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 A cultura 1 apresentou uma gama variada de espécies presentes, com destaque para fungos, uma larva de mosca do gênero Drosophilae bactérias dos mais variados tipos, sendo que a maioria é do gênero Escherichia –geralmente coliformes fecais.

Na cultura2, novamente se viu grande número de fungos e bactériasdo gênero Escherichia, típicas de banheiros mal higienizados, mas foi possível visualizar também um pequeno verme. Observando-se com mais acurácia a amostra colhida foi possível verificar que o verme era da espécie Ascaris lumbricoides, conhecido popularmente como lombriga.

As culturas 3 e 4, por serem de locais tipicamente empoeirados, apresentaram basicamente fungos e bactérias de locais empoeirados. Cabe destacar, entretanto, que em 3 foi possível observar também a presença de ácaros, designação nominal em geraldada aos animais pertencentes à subclasse Acari. Esse insetopode causar, com frequência, alergias em pessoas que possuem intolerância à poeira (MITCHELet al., 1982).

A grande variabilidade de seres vivos presentes nas amostras fez com que os alunos das demais turmas que foram observar os resultados obtidos pelos colegas ficassem curiosos e pedissem para verificar as amostras nos microscópios. Parte desse interesse repentino pode ser perfeitamente explicado pelo fato de a maior parte dos estudantes não estar habituado a experimentos escolares e devido ao atual modelo de educaçãoque em geralmantém os estudantes e seus professores em salas de sala concentrados em quadros de escrita. Esse modelo de educação, de acordo com Freire (2005), denomina-se educação bancária, em que o processo de ensino ocorre pela transmissão de conhecimento, sem que o sujeito educando realize uma reflexão crítica do conteúdo que vai absorvendo por depósitos de informações proferidas pelo professor. Iniciativas que despertem o interesse na ciência precisam e devem ser cada vez mais incentivadas.

Cabe destacar também a importância para a saúde de se lavar as mãos ao sair do banheiro, uma vez que os seres vivos encontrados em ambos os locais são típicos de áreas pouco higienizadas, comprovando a necessidade de maior atenção dos responsáveis pela limpeza na escola. É realmente preocupante um ambiente com tantas pessoas apresentar tanta contaminação com vermes, bactérias Gram-positivas e insetos.

CONCLUSÕES

 Este estudo demonstra que ensinando Microbiologia apenas com o material teórico clássico de estudo não se atinge os resultados necessários e importantes para o atual ciclo de construção educacional que as crianças e jovens se encontram.

Uma explicação plausível para isso talvez seja o fato de essa parte da biologia ser responsável pelo estudo de seres microscópios, o que dificulta o aprendizado quando se pensa apenas no ensino centrado na explicação do professor, chamadopor Freire (2005) de educação bancária.

Outro ponto importante a ser destacado aqui se dá pelo maior interesse dos alunos quando se utiliza materiais lúdicos diferentes daqueles do ensino tradicional. Estudos como este devem ser cada vez mais valorizados e incentivadosnas escolas de Educação Básica, algo que, em geral, não ocorre.

Por fim, sugere-se que ocorra maior limpeza dos ambientes escolares como forma de buscar diminuir a proliferação de vermes, bactérias Gram-positivas e demais micro-organismos, assim como que todos e todas da instituição lavem as mãos ao sair dos sanitários escolares com maneira preventiva de evitar contágio e disseminação de germes que causam mal à saúde humana.

AGRADECIMENTOS

 Os autores agradecem a toda equipe escolar (direção, professores e funcionários) pela aquisição dos materiais de microscopia e apoio para todas as atividades desenvolvidas.

 

REFERÊNCIAS

 ALENCAR, E. M. L. S. Inventário de práticas docentes que favorecem a criatividade no ensino superior. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 105-110, 2004.

CHINELLI, M. V.; PEREIRA, G. R.; AGUIAR, L. E. V. Equipamentos interativos: uma contribuição dos centros e museus de ciências contemporâneos para a educação científica formal. Revista Brasileirade Ensino deFísica, São Paulo, v. 30, n. 4, p. 4505.1-4505.10, 2008.

FREIRE, P.Pedagogia do oprimido. 44.ed. Rio de Janeiro: Paz Terra, 2005.213 p.

LOPES, M. M.; MURRIELLO, S. E. Ciências e educação em museus no final do século XIX. História,Ciências,Saúde, Manguinhos, v.12, p. 13-20, 2005. Suplemento.

MITCHELL, E. B.et al. Basophilsin allergen-induced patch test sites in atopicdermatitis. Lancet,London, v. 1, p. 127-130, 1982.

OLIVEIRA, S. S.; GUERREIRO, L. B.; BONFIM, P. M. Educação para a saúde: a doença como conteúdo nas aulas de ciências. História, Ciências,Saúde, Manguinhos, v.14, n.4, p. 1313-1328, 2007.

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