Slightly Different – Pixabay Entrevista RBEB N 14

Entrevista – Gabriel Gonçalves Oliveira e Lérica Maria Mendes Veloso

Entrevistamos para a Revista Brasileira de Educação Básica o graduado em Educação Física Gabriel Gonçalves Oliveira e a mestre em Geografia Lérica Maria Mendes Veloso para a edição de número 14. Os autores publicaram, em fevereiro de 2017, na edição de número 2, o artigo “Principais desafios na inclusão dos alunos com deficiência no sistema educacional”. O texto é o mais acessado da revista desde o seu lançamento e acumula quase 80 mil visualizações da página (entre 13 de fevereiro de 2017 e 11 de setembro de 2019). Conversamos sobre o interesse dos autores no tema Educação Especial no contexto da educação inclusiva e os desafios da área para os próximos anos.

1 – REVISTA: O artigo “Principais desafios na inclusão de alunos com deficiência no sistema educacional” é o texto mais acessado da Revista Brasileira de Educação Básica. Publicado em fevereiro de 2017, o texto acumula desde a sua publicação quase 80 mil visualizações que pensamos representar a busca de professores por conteúdos da área de inclusão em face dos desafios no cotidiano das escolas. O que levou vocês a escreverem o artigo e por que vocês o submeteram para a Revista Brasileira de Educação Básica?

AUTORES: Primeiramente, agradecemos a oportunidade proporcionada pela Revista Brasileira de Educação Básica de expandir e incentivar a discussão acerca da educação inclusiva na esfera nacional. O interesse acerca da temática surgiu a partir da leitura da Constituição da República (1988), que foi, na época, necessária para subsidiar os trabalhos realizados em uma Pós-graduação. Ademais, tivemos influências externas como convivência com gestores da educação básica, mães de alunos que têm necessidades especiais e pessoas que necessitam do Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Tivemos conhecimento da Revista por uma colega de trabalho, que leciona na Educação Básica e na Educação Superior, e a partir da análise da proposta e dos eixos apresentados pela revista, consideramos  importante submeter nosso trabalho, pois já tínhamos conhecimento que esta revista é uma ferramenta de busca dos professores e futuros professores que almejam entender e melhorar suas práticas educacionais para proporcionar melhor qualidade de vida para os alunos com necessidades educacionais especiais. Como profissionais da educação, não poderíamos deixar de publicar nesta revista que representa tão bem a comunidade escolar. Sabemos que os trabalhos publicados na revista incentivam outros profissionais a aprimorar seus conhecimentos em diversos eixos da educação.

2 – Ao falar do aluno com deficiência como sujeito no processo de construção do conhecimento, há uma mudança de perspectiva na compreensão desse estudante. O que mudou historicamente?

R: Uma mudança notável que podemos perceber no decorrer dos anos foi a equiparação em direitos e deveres dos estudantes portadores de necessidades especiais aos estudantes de todos os níveis de ensino. Antes, os portadores de necessidades eram isolados em turmas e / ou escolas especiais em que só poderiam se enturmar e conviver entre eles. Com o passar dos anos, até os dias atuais, podemos perceber a evolução no pensamento das autoridades, determinando a inclusão desses alunos nas demais turmas do sistema regular de ensino. Isso só foi possível por meio da inclusão na legislação brasileira de direitos e garantias as quais permitiram a inserção do aluno com necessidade especial em todos os níveis de ensino. Consoante a isso, adveio o progresso da acessibilidade de todas as pessoas portadoras de necessidades especiais em locais públicos e privados. Podemos citar também outra mudança histórica que foi a inserção do professor de apoio para acompanhar os alunos que têm necessidades especiais. Todavia, ressalta-se que esses direitos e garantias ainda não são aplicados em sua totalidade no ambiente educacional.

3 – O artigo escrito por vocês fala sobre o papel das escolas em estarem preparadas para receberem a diversidade de sujeitos. Nesse sentido, qual a importância da escola para a formação do aluno da Educação Especial?

R: A escola propicia a interação do aluno especial com os demais e com toda a comunidade escolar. O desenvolvimento do aluno com necessidade especial não deve se dar somente no aspecto científico, às vezes, a interação com outras pessoas gera um grau de desenvolvimento superior ao que seria aprendido individualmente. A escola deve comportar-se como um mecanismo que proporcione a interação entre o aluno especial e os demais colegas, adequando o ritmo de desenvolvimento de modo equitativo para todos, para que o aluno especial possa se sentir cada vez mais parte do sistema, entender que ele é importante para a sociedade como todos os outros são, que o seu sucesso irá contribuir para o seu desenvolvimento, de sua família e do mundo globalizado que o cerca.

4 – Para que possamos pensar em renovação pedagógica, entramos no debate sobre o direito escolar para o público da Educação Especial. Na opinião de vocês, quais os desafios para a área de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva no atual cenário político?

R: A educação inclusiva brasileira mudou consideravelmente nos últimos anos, atualmente (2019) as garantias das pessoas com necessidade de atendimento educacional especializado são de entendimento público (esta não perfeita, mas menos desigual). Percebemos também maior interesse pelo assunto nos meios digitais, comércio, indústria e lazer, o que proporciona maior valor a esses meios e permite que os alunos dessa categoria tenham seus direitos e papéis na sociedade garantidos. Infelizmente, sabemos que ainda existe discriminação de diverso modos, mas devemos lembrar que qualquer ser humano está suscetível a torna-se portador de necessidades especiais. Portanto, acreditamos que o primeiro caminho para acabar com a discriminação é o conhecimento e o respeito mútuo adquiridos nas instituições de ensino, principalmente. Acreditamos também que os desafios começam no modo como a sociedade se porta diante de uma pessoa com deficiência, começando nas famílias que, muitas vezes, em razão da ausência de conhecimento, têm vergonha do filho com necessidade especial. Em consequência disso, não realizam o tratamento adequado. Na sequência, temos as escolas que ainda não possuem infraestrutura e capacitação adequada para os profissionais, e, por fim, o mais importante, temos de destacar que nossos representantes políticos não apresentam projetos relacionados ao tema em pauta para votação e, quando são colocados tais projetos, não conseguem quórum para aprovação, deixando de encaminhar recursos e outras melhorias para os portadores de necessidades especiais e a comunidade em torno deles.
Poderiam ter perguntado/explorado sobre o que os autores estão fazendo, escrevendo em relação ao tema, se continuaram…, ou outros aspectos da pedagogia/educação, em função do volume de buscas que obtiveram. Ou algo como: vocês ficaram surpresos com o volume de buscas alcançado pelo artigo? O que isso representa no seu dia a dia como docente?
Gabriel Gonçalves Oliveira

Gabriel Gonçalves Oliveira

Graduado em Direito pela Faculdade Integradas do Norte de Minas – Funorte. Pós -graduado em Tutoria em Educação à Distância pela Universidade Cândido Mendes- RJ. Possui graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES (2011).

E-mail: gabeu90@hotmail.com

Lérica Maria Mendes Veloso

Lérica Maria Mendes Veloso

Mestre em Geografia/PPGEO UNIMONTES (2015 a 2017). Pós Graduada em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros (2011).

E-mail: lericaveloso@gmail.com

Imagem de destaque: Slightly different/Pixabay

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