Editorial |

A educação em tempos sombrios

Diante dos descalabros que vivemos no Brasil, raramente se nota que a escola pública, de uma maneira geral, continua funcionando e recebendo, todos os dias, dezenas de milhões de crianças, adolescentes e jovens brasileiros. Para que isso aconteça, além do trabalho das famílias, dos esforços pessoais, é preciso não perdermos de vista, nunca, que os professores(as) e demais profissionais da escola cumpram com suas responsabilidades. E é isso que têm feito e, por isso, precisam ser saudados com respeito e consideração.

O Brasil vive tempos difíceis na educação e nas demais dimensões da vida social. Com tudo o que está acontecendo e, sobretudo, com o contínuo investimento do governo Temer contra os direitos arduamente conquistados pela população brasileira, sobretudo a mais pobre, fica difícil  manter a comunidade escolar funcionando regularmente.

No campo da educação, ainda nem estávamos plenamente acostumados com as conquistas das últimas décadas, e elas já nos foram arrancadas à força por um governo insensível aos movimentos educacionais e aos avanços rumo a uma educação de qualidade para todos(as). A articulação entre governo federal, muitos estados e municípios com movimentos como aqueles representados pelo auto intitulado “escola sem partido” põe em risco nossas mais representativas conquistas no campo da educação inclusiva,  das diversidades e da igualdade.

Do mesmo modo, a reforma do Ensino Médio significou um avanço para trás – uma ponte para o passado – ao instituir, de fato, uma escola de ensino médio que não atende minimamente os requisitos de uma formação para a cidadania brasileira. Além disso, a reforma cria todas as condições legais para que tenhamos, formalmente, no Brasil uma escola pública que ao invés de combater, reforça as desigualdades.

No que se refere ao financiamento, a Emenda Constitucional 95, aprovada no final do ano passado, significa que não teremos recursos públicos nem para a manutenção da atual estrutura educacional brasileira, quanto mais para ampliá-la e qualifica-la conforme prevê o Plano Nacional de Educação.

Mas o governo federal investe também contra os espaços institucionais democráticos que logramos construir nas últimas décadas. Tal como fez com o Conselho Nacional de Educação, assim que tomou posse, o governo Temer investiu contra o Fórum Nacional de Educação, criando obstáculos para uma representação da sociedade civil organizada nesse importante espaço de  discussão das políticas educacionais e de operacionalização da Conferência Nacional de Educação.

Tudo isso, aliado ao fato de que pouco avançamos nas políticas estruturais relativas à carreira e ao salário dos profissionais da educação, parece jogar contra o funcionamento regular da escola e à realização da boa educação a que os(as) alunos(as) têm direito.  Mas os(as) professores(as) e demais profissionais da escola resistem dando aulas e garantindo  o funcionamento da escola. Resistem também quando fazem greve, manifestações, passeatas e se mobilizam contra as difíceis condições de trabalho e contra as políticas de desmonte da educação pública implementadas pelo governo federal e seus aliados nos estados e municípios.

É a esses(as) profissionais  da educação e combatentes pela cidadania plena que a Revista Brasileira de Educação quer saudar. É  com eles(as) e para eles(as)  que a RBEB é feita! É desse movimento que participamos e é ele que queremos fortalecer.

Convidamos a todos(as) a conhecerem e divulgarem as produções de nossos colegas professores(as) da educação básica que trazemos na RBEB. Desejamos que essas experiências escolares fomentem a valorização do trabalho desenvolvido nas escolas brasileiras. Convidamos também, nossos leitores e leitoras, para participarem como colaboradores de nossa revista, enviando seus relatos, artigos, indicações de leitura, textos de opinião e indicação de leitura.

Boa leitura!

This Post Has 2 Comments
  1. Inicialmente parabenizo pela Revista e o rico material de pesquisa e também de inspiração.
    Sou professora do curso de Pedagogia em Sabará e tendo inserir novas propostas para o processo de aprendizagem, diante disso, foi muito instigante assistir ao vídeo “Objetos de aprendizagem”.
    Então, venho através deste, buscar um meio de contato com a Professora Cláudia França com o intuito de compreender mais sobre o Projeto SoFiA e os “Objetos de aprendizagem”, por exemplo, como esses objetos são escolhidos ? quais objetos são estes ?
    Desde já agradeço um retorno.
    Atenciosamente, Daniela Fiúza ( daniwcf@hotmail.com)

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