Editorial

RBEB – Ano 3 | Nº 7 | Jan./Fev./Mar. 2018

Há mais de um século, demos início ao projeto de uma educação pública, gratuita, laica e obrigatória, vindo a se estabelecer, na Constituição de 1988, como direito de todos. No atual momento, em vias de concluirmos nossa agenda de universalização do acesso à escola, deparamo-nos ainda com uma série de desafios referentes à universalização do acesso à aprendizagem. Desafios estes atrelados a diversos fatores estruturais que compõem os problemas educacionais brasileiros, relacionados às mais variadas formas de desigualdade.

Um fator central nessa situação reside na formação de professoras e professores, os quais, cada vez mais, vêm sendo estimulados em suas capacidades de conhecer e inventar. Mas acreditamos que a formação, por mais qualificada que seja, não basta quando ainda prescindimos de condições adequadas de trabalho (incluindo salários e os planos de carreira) e atuamos em cenários de vergonhosas desigualdades sociais.

Diante disso, a Revista Brasileira de Educação Básica se apresenta como um espaço de circulação da palavra dos docentes, por meio da divulgação de suas experiências e pesquisas que dialogam com estes desafios prementes. Apontamos que a formação, para além dos conhecimentos construídos nas universidades, ocorre também na troca entre os pares e no acesso às práticas e reflexões desenvolvidas nos espaços educativos escolares e não escolares. Nesse sentido, nossa aposta reside na afirmação da importância da autoria docente, a qual vem aqui apresentada mais uma vez.

O conjunto que compõe este 7º número traz contribuições advindas de revisões bibliográficas, relatos de experiências e resultados de pesquisa capazes de apontar caminhos para o acesso à aprendizagem; além de um vídeo que recolhe depoimentos que nos ensinam sobre o movimento e a resistência das juventudes de Belo Horizonte na ocupação do espaço público pela via política da cultura, a qual chamamos Carnaval.

Contamos nesta edição com dez trabalhos de autores que se vinculam a instituições escolares nos estados do RJ, MS, RS e MG, os quais destacam apostas que visam à inclusão dos sujeitos dentro do espaço escolar, mas sobretudo ao acesso à aprendizagem por parte destes sujeitos.

Dois textos trazem contribuições teóricas para reflexões em torno de duas temáticas – a escassez de produções sobre a Superdotação e dupla excepcionalidade; e as contribuições da Pedagogia Social para a existência da concepção contemporânea de Educação Integral. Outros quatro textos apresentam experiências de aprendizagem que nos chamam a atenção para as possibilidades no trabalho por projetos interdisciplinares; no uso de jogos para o ensino de História; no uso da história da ciência para o ensino de Ciências; e no trabalho com o público alvo da Educação Especial, na escola, por meio de atividades extracurriculares. E ainda quatro textos que apresentam resultados de pesquisas: duas delas referentes à análise de recursos para a aprendizagem na escola – um Laboratório de ensino de Matemática e a imprensa como fonte histórica; e outras duas referentes à análise de programas institucionais específicos – o Programa de Iniciação Científica Júnior da UFMG e o subprojeto PIBID Ciências Naturais, desenvolvido numa escola municipal em Santo Antônio de Pádua/RJ.

 Desejando a todos e a todas, uma ótima leitura.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *