
Desafios e oportunidades na integração da tecnologia na prática pedagógica: uma análise na perspectiva do professor no Ensino Fundamental
Valdiza Alves Gadelha Trigueiro
Professora de Língua Portuguesa na Escola Municipal Noel Alves de Oliveira. Cursando mestrado em Ciências da Educação – Veni Creator Christian University – VCCU
E-mail: provalvip@hotmail.com
Na sociedade atual, as pessoas realizam muitas atividades por intermédio dos recursos tecnológicos digitais, e no cotidiano escolar, por exemplo, a internet tem sido um meio que facilita esse processo. Por esse motivo, a integração da tecnologia na realização das atividades escolares é bastante relevante.
A internet tornou-se um meio comum de trocas de informações, de acesso de especialista, de crianças e jovens, de formação de equipes de trabalho, de construção de relações de amizades, independentemente da distância geográfica. Diferente das tecnologias surgidas nos últimos anos, “a internet rompe não só as barreiras geográficas, mas também de tempo e espaço, permitindo que as informações sejam em tempo real e este novo cenário social, tecnológico e cultural está cada vez mais familiar para todos” (SANTOS, 1998).
No ano de 2019, surgiu no mundo a Covid-19. Em decorrência de essa doença de alto contágio ter surgido no Brasil em 2020, o Ministério da Educação publicou a Portaria nº 544, de 16 de junho de 2020, para a paralização das aulas presenciais e sugerindo a adoção de aulas remotas. No documento, as aulas remotas são propostas como “atividades letivas que utilizem recursos educacionais digitais, tecnologias de informação e comunicação ou outros meios convencionais” (BRASIL 2020, p. 1).
O contexto educacional no período da pandemia trouxe muitos desafios para o professor, levando-o a refletir acerca da sua prática e perceber a necessidade de aprender a manusear os equipamentos tecnológicos para planejar e executar suas aulas virtuais. Diante desse contexto, questionamos sobre como os professores fizeram a inserção das tecnologias em sua prática pedagógica nas aulas remotas, quais foram suas maiores dificuldades em lidar com a tecnologia, se tiveram formação docente e continuada com relação à integração da tecnologia na educação e como esses profissionais da educação imaginam acerca do futuro no que diz respeito ao ensino e à aprendizagem, entre outras questões concernentes à inserção da tecnologia na prática pedagógica. Para isso, realizamos uma pesquisa com duas professoras atuantes no ensino fundamental da rede pública no município de Vieirópolis (PB).
A pesquisa teve como objetivo principal analisar os desafios e as oportunidades na integração da tecnologia na prática pedagógica na perspectiva do professor do ensino fundamental. Para tanto, abordaremos alguns fundamentos teóricos envolvendo os autores que dão embasamento acerca dos desafios tecnológicos na prática docente e as oportunidades de mudanças no ensino com o uso das tecnologias. Em seguida, apresentamos a metodologia adotada para a pesquisa e análise dos dados produzidos.
Este artigo apresenta uma grande relevância, pois o tema proporciona uma reflexão baseada na revisão bibliográfica acerca dessa temática, provocando os docentes a desenvolverem métodos de ensino que possibilitam a interação entre educador e discentes com a utilização das tecnologias digitais nas aulas para torná-las mais envolventes e interessantes.
DESAFIOS TECNOLÓGICOS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Conforme discutimos no início deste trabalho, as pessoas realizam muitas atividades do seu cotidiano por intermédio da internet. No cotidiano escolar, a internet oferece inúmeras possibilidades para atividades que podem ser realizadas por estudantes e professores.
No período de isolamento social em virtude da pandemia (Covid -19), os professores, independentemente de terem habilidades ou não, tiveram que utilizar aparatos tecnológicos nas aulas remotas.
Na visão de Martins (2020) é possível perceber, a respeito da educação durante a pandemia da Covid-19, os avanços ainda que possam ser identificados muitos desafios:
Em 2020 o mundo foi assolado pela pandemia da Covid-19, diante dessa circunstância, novas formas de agir foram implementadas para frear a transmissão do vírus. Serviços não emergenciais foram transferidos para home office e a escola, com toda sua estrutura humana, precisaram funcionar de maneira emergencial e remotamente. Discussões acerca do uso das tecnologias digitais no processo de ensino há muito são realizadas, com isso, alguns avanços e melhorias foram incorporados, mas estudiosos, ainda, apontavam falhas no aprender e ensinar com o uso das tecnologias digitais (MARTINS, 2020).
Diante desse contexto, os professores enfrentaram muitos desafios, tiveram que adaptar-se aos recursos tecnológicos para continuar ensinando os alunos e mantê-los engajados e motivados à distância, houve o aumento da carga horária, além de outros impasses, como atender às necessidades dos alunos e o fato de que nem todos tinham acesso à internet. Sem esquecer também que a pandemia trouxe desafios emocionais e psicológicos, pois os professores precisaram apoiar os alunos e adaptar métodos de ensino e avaliação para ambientes virtuais e híbridos.
Conforme o pensamento de Mercado (1998) sobre o procedimento de Formação Continuada, este proporciona ao docente a construção de informações e saberes a respeito das inovações tecnológicas. Nessa linha de pensamento, o educador incorpora e integra novas ferramentas na sua prática pedagógica, permitindo mudanças consideráveis no âmbito da educação/ensino e aprendizagem.
Ao analisar o cotidiano escolar, percebemos que os recursos utilizados pelos educadores, como quadro-negro, giz, livros didáticos, cartazes e muitos outros, já não são mais tão atraentes aos nossos alunos (GASPARIN, 2014). Daí o surgimento da necessidade de se reformular o processo educacional incluindo nele novas ferramentas e estratégias.
Nesse sentido, o ensino tradicional não permitiu atender às necessidades dos estudantes nas aulas remotas. Dentro desse contexto, observa-se que o professor teve que fazer adaptação dos conteúdos, dos materiais e do método de ensino para formatos digitais, criando apresentações, vídeos e atividades interativas online.
Para Moraes (1999), vive-se num mundo pequeno e grande ao mesmo tempo, tecido pelas redes de computadores. Não é mais possível controlar o fluxo de informações, e o maior desafio é produzir conhecimento e realizar um manejo criativo e crítico sobre esse mundo.
Se o professor tem um bom domínio das ferramentas digitais e utiliza recursos tecnológicos interessantes, ele tem a possibilidade de preparar atividades para serem desenvolvidas de forma colaborativa, podendo favorecer uma boa interação e contribuir para o desenvolvimento do processo de aprendizagem. Analisando criticamente essa questão, Moran (2015) ressalta:
Talvez o significado mais marcante de nosso trabalho e de maior alcance futuro seja simplesmente nosso modo de ser e agir enquanto equipe. Criar um ambiente onde o poder é compartilhado, onde os indivíduos são fortalecidos, onde os grupos são vistos como dignos de confiança e competentes para enfrentar os problemas – tudo isto é inaudito na vida comum. Nossas escolas, nosso governo, nossos negócios estão permeados da visão de que nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança (MORAN, 2015).
Observa-se que as tecnologias podem ser úteis, contudo, devem ser utilizadas de forma controlada para que não venham comprometer a aprendizagem e a interação entre os grupos, para que esta aconteça de forma afetiva. Nessa linha, Valente (1993) afirma que “as tecnologias educativas são ferramentas que estão disponíveis e, quando bem utilizadas, produzem transformações significativas no processo de ensino e aprendizagem”. Nesse sentido, as ferramentas tecnológicas educativas contribuem para uma prática inovadora e aprendizagem significativa.
Analisar os riscos que o modelo de educação remota pode trazer é bastante desafiador para o professor.
O pensamento de Moran (1997), sobre o papel participativo do professor no acompanhamento de cada aluno, é de fundamental importância para que o docente fique atento ao ritmo de cada aprendiz, às suas formas pessoais de navegação. O professor não impõe; acompanha, sugere, incentiva, questiona, aprende junto ao aluno. Ainda sobre o assunto, o referido autor defende que ensinar utilizando a internet pressupõe uma atitude do professor diferente da tradicional.
Nessa perspectiva, o autor destaca a importância do papel do professor no acompanhamento de cada aluno, devendo estar atento para as particularidades de cada estudante, refletir junto ao aluno acerca do ensino e da aprendizagem utilizando a internet com diversas estratégias para tornar o aprendizado mais eficaz e engajador.
Oportunidades de mudança no ensino com o uso das tecnologias
O mundo de hoje é marcado pelo grande avanço da tecnologia, principalmente no que diz respeito à informática. Em todo lugar a informática passou a ser um instrumento de trabalho e uma fonte metodológica para ensino. A sociedade vive visualmente dirigida, num ambiente onde se torna notório que as novas tecnologias têm influenciado o comportamento das crianças e dos jovens na idade escolar (SOUZA, 2008).
Diante do exposto, o cenário concernente ao isolamento social em decorrência da pandemia trouxe muitos desafios para os docentes, mas também proporcionou aprendizagem significativa em relação às tecnologias digitais.
Nessa linha de pensamento, Moran (2003) considera que o uso das tecnologias no ambiente escolar, além de possibilitar um aprendizado de forma abrangente, por englobar múltiplas ações, pode ajudar no processo pela agilidade e rapidez que oferece e, principalmente, pelas características dessas tecnologias que são responsáveis pelo registro e pela recuperação de informação, comunicação e produção de conhecimento. Ou seja, “implantando-as, o gestor e a comunidade escolar estarão contribuindo para transformar a escola em uma organização que aprende, moderniza-se e evolui mais rapidamente” (MORAN, 2003, p.161).
Para Freire (1997), o profissional deve entender o ato educativo como aquele em que se pode entender que “o ensinar não se limita apenas em transferir conhecimentos, senão também no desenvolvimento da consciência de um ser humano inacabado em que o ensinar se torna um compreender a educação como uma forma de intervir na realidade da pessoa e do mundo”.
Em consonância com Guimarães (2004), o autor entende que o professor deve ser visto como:
O elo entre a profissão e a construção da identidade do educador ao formalizar a dinâmica social do seu trabalho docente. “Assim, o profissional professor pode ser considerado como um teórico-prático, que por desenvolvimento de suas vivências em sala de aula, se capacita para realizar com responsabilidade, segurança autonomia sua função” (GUIMARÃES, 2004. p. 11).
Na mesma linha de análise, Perrenoud (2002) considera que:
São competências fundamentais do professor: saber identificar, avaliar e valorizar as suas possibilidades, os seus direitos e as suas necessidades; saber formar e conduzir projetos e desenvolver estratégias, individualmente ou em grupo; saber analisar situações, relações e campos de força de forma sistêmica; saber cooperar, agir em sinergia, participar de uma atividade coletiva e partilhar liderança; saber construir e estimular organizações e sistemas de ação coletiva do tipo democrático; saber gerir e superar conflitos; saber conviver com regras, servir-se delas e elaborá-las; saber construir normas negociadas de convivência que superem as culturais (PERRENOUD, 2002. p.34).
Podemos compreender que a prática docente vai além de ensinar conteúdos. É preciso desenvolver competências para atuar como mediadora que pensa em atividades colaborativas, que influencia os discentes a superar dificuldades.
A sala de aula do futuro pode ser imaginada como um espaço inclusivo de troca de saberes de modo inovador, onde vários recursos podem ser usados possibilitando o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem de forma significativa com inserção e utilização das tecnologias.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta é uma pesquisa de abordagem qualitativa. O método adotado foi a realização de entrevista na qual a coleta dos dados ocorreu em maio de 2024 por mensagens pelo WhatsApp, em que as professoras entrevistadas abordaram as questões levantadas. Os dados obtidos nesta pesquisa visam discutir a percepção das professoras entrevistadas em relação ao processo de ensino e aprendizagem utilizando as tecnologias digitais.
A participação das professoras é identificada como entrevistada I (J. G. A.) e entrevistada II (R. O. B.). Os indicadores foram apresentados a partir das questões abordadas pelas professoras e serão analisados a seguir.
Síntese das entrevistas – Qualificação e respostas das professoras
Para analisar os desafios e as oportunidades na integração da tecnologia na prática pedagógica, entrevistamos duas professoras que atuam no ensino fundamental.
A entrevistada I (J.G.A.) concluiu licenciatura plena em Pedagogia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) em 2014 e licenciatura em Letras pelo Instituto Federal da Paraíba (IFPB) em 2021. Atua como docente há 16 anos no ensino regular dos anos finais do ensino fundamental.
A entrevistada II (R.B.O.) apresenta grau de escolaridade Pós-Graduação lato sensu (Especialização) em Psicopedagogia pelas Faculdades Integradas de Patos (FIP), em 2012. Quanto à sua área de formação, concluiu o curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em 2002. Atua como docente há mais de 25 anos, atuou durante alguns anos no ensino regular dos anos finais do ensino fundamental e atualmente exerce sua função docente nos anos iniciais do ensino fundamental.
Concernente à questão se já passou por algum tipo de formação continuada em relação à inserção das tecnologias na educação, a entrevistada I relatou que por conta própria participou de cursos e palestras referentes à inserção da tecnologia na educação por meios digitais. A entrevistada II relatou que, por incentivo da Secretaria Municipal de Educação, participou em 2021 do Curso Tecnologia Educacional – Ensino Híbrido e Inovação Pedagógica.
Quando questionadas sobre como o docente observa o processo de ensino e aprendizagem com os educandos, a entrevistada I declarou que o processo de ensino e aprendizagem é definido como um sistema de trocas de informações entre docentes e alunos, que deve ser pautado na objetividade daquilo em que há necessidade que o aluno aprenda. A entrevistada II observa que o processo de ensino e aprendizagem com educandos evoluiu bastante, e utilizar os recursos tecnológicos facilita o trabalho do professor no planejamento e desenvolvimento das atividades, com as aulas mais dinâmicas, observando-se que os estudantes ficam mais concentrados na aula e aprendem com mais facilidade.
Em relação à questão para saber se a tecnologia aproxima os alunos, o posicionamento da entrevistada I demostra quão difícil tem sido conseguir captar e manter a atenção dos alunos por intermédio dos métodos tradicionais de ensino, sendo que as gerações vão acompanhando e vivenciando essas transformações tecnológicas. Nas palavras da entrevistada II, a tecnologia aproxima o aluno quando é utilizada como forma atrativa, principalmente com atividades interativas envolvendo jogos educativos e o fato de a internet permitir várias informações de interesse do aluno.
No que diz respeito às oportunidades e aos desafios que este momento está “ensinando” para a educação, a entrevistada I acredita que a tecnologia nas escolas tem sido cada vez mais incorporada como uma ferramenta de apoio ao ensino e aprendizagem. A entrevistada II declara que as tecnologias proporcionam experiências com a utilização das ferramentas digitais que no ensino tradicional não seria possível realizar e que esses recursos são interessantes, chamam mais a atenção dos alunos.
Para a entrevistada I, suas maiores dificuldades em lidar com a tecnologia foram referentes às novas ferramentas, mas as dificuldades diminuíram depois de ter participado de formação e capacitação sobre o uso dos recursos tecnológicos. A entrevistada II também aponta dificuldades pelo fato de que não costumava usar as ferramentas digitais, sendo que em algumas atividades precisou de suporte de outros colegas profissionais para saber como utilizar as ferramentas tecnológicas.
Após esse período de ensino remoto, sobre as características desse tipo de educação tecnológica que teremos que adotar, a entrevistada I relata que a educação é uma área que aproveita muitos recursos tecnológicos e que ainda pode avançar bastante na utilização deles. Na visão da entrevistada II, esse tipo de educação deve ser adotado para que os professores e os estudantes possam continuar a desenvolver suas habilidades utilizando a tecnologia, se preparar melhor para o futuro, aprender a usar novas ferramentas que poderão surgir.
Na concepção da entrevistada I, no processo de formação docente, as competências que o professor precisa para enfrentar o momento atual estão simplesmente baseadas em saber planejar, selecionar e organizar processos e conteúdos disciplinares e de ensino-aprendizagem. Na declaração da entrevistada II, as competências que o professor precisa para enfrentar o momento atual envolvem ter capacidade de ensinar tanto de forma presencial quanto virtual, aplicando metodologias que incentivam a participação ativa de todos os alunos para desse modo avaliar o desempenho da aprendizagem.
Com relação a algum tipo de risco que esse modelo de educação remota poderia trazer, a entrevistada I acredita que estão, entre eles, o desafio em garantir que as crianças de fato aprendam presencialmente, tenham interação com o ambiente escolar e com as pessoas, a dificuldade em identificar déficit de aprendizagem à distância e o aumento de problemas de comportamento. A entrevistada II ressalta que esse modelo de educação pode trazer vários riscos, entre eles a docente destaca a questão do acesso à internet, a interação virtual, que não é tão significativa quanto a presencial, e o fato de que os alunos se distraem com outras coisas na internet ou no ambiente onde estão, não se concentram no que está sendo ensinado.
Quando questionadas se as tecnologias podem transformar a educação e de que forma, a entrevistada I afirma que sim, pois as novas tecnologias na educação facilitam a personalização do aprendizado. A entrevistada II relatou que as tecnologias transformam a educação, uma vez que possibilitam várias formas de adquirir conhecimento, e quando todos têm acesso para utilizar os recursos tecnológicos as aulas são interativas e interessantes.
Concernente às soluções tecnológicas que podem ajudar os estudantes, a entrevistada I citou: Laboratório de informática, Plataforma educacional, Lousa digital, Mesa educacional, Games educacionais, entre outros. Já a entrevistada II destacou recursos digitais, ferramentas, quiz, gamificação, Kahoot, wordwall, plataformas, entre outros.
Questionadas sobre como imaginam a sala de aula do futuro, a entrevistada I comenta que é importante que as instituições estejam sempre bem preparadas e, dessa forma, ofereçam a melhor educação para os nossos discentes e profissionais educacionais; almejamos alunos disciplinados, interessados. A entrevistada II reconhece que muitos professores estão familiarizados com a tecnologia na educação, contudo, ela acredita que novos desafios poderão surgir, e segundo ela, devemos estudar mais para aprender algo novo acerca da utilização dos recursos tecnológicos.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
Apresentaremos a interpretação das respostas das professoras participantes integrando a teoria e os autores que fornecem suporte para a análise. As perguntas feitas às participantes serão utilizadas para fundamentar a interpretação realizada.
Concernente à questão se já passou por algum tipo de formação continuada em relação à inserção das tecnologias na educação, com base nas informações coletadas, podemos observar que todas as entrevistadas participaram de formação continuada, demonstraram interesse em buscar novos conhecimentos para aprimorar sua prática pedagógica e se preparar para oferecer um ensino de qualidade.
Quando questionadas sobre como o docente observa o processo de ensino e aprendizagem com os educandos, isso é visto pelos docentes como um sistema de troca de conhecimento entre professor e aluno. Observa-se que esse processo tem evoluído significativamente, os professores e estudantes estão mais familiarizados com as tecnologias e que a utilização dos recursos tecnológicos facilita o trabalho do professor no planejamento e desenvolvimento das atividades, tornando as aulas mais dinâmicas.
Em relação à questão para saber se a tecnologia aproxima os alunos, fica evidente no relato das entrevistadas que o uso das tecnologias digitais aproxima o aluno quando utilizadas adequadamente. Percebe-se neste depoimento a importância da utilização da tecnologia no espaço escolar, por chamar a atenção dos alunos e por proporcionar método de ensino inovador.
No que diz respeito às oportunidades e aos desafios que este momento está “ensinando” para a educação, percebemos o quanto a tecnologia contribuiu muito para que o professor pudesse continuar ensinando no período da pandemia, embora os recursos tecnológicos tenham sido utilizados antes desse período, mas a situação emergencial do isolamento social foi uma oportunidade para potencializar o uso desses recursos.
Questionadas sobre as maiores dificuldades em lidar com a tecnologia, revelaram não saber dominar os recursos tecnológicos e avaliar justamente os alunos de forma online, entre outras dificuldades, mas podemos perceber o esforço e interesse das professoras em pedir ajuda às pessoas com habilidades e participar de cursos de capacitação sobre o uso das tecnologias.
Após esse período de ensino remoto, sobre as características desse tipo de educação tecnológica que teremos que adotar, a tecnologia vem trazendo vários benefícios para o contexto escolar, potencializando o avanço no processo de ensino e aprendizagem.
No processo de formação docente, as competências de que o professor precisa para enfrentar o momento atual, compreende-se que o professor deve ser capaz de ensinar em qualquer modalidade, seja presencial ou virtual, ele deve saber dominar as plataformas e as ferramentas digitais, adaptar os conteúdos, buscar novos conhecimentos, saber planejar e garantir a aprendizagem de todos.
Com relação a algum tipo de risco que esse modelo de educação remota poderia trazer, observa-se que o modelo de educação remota pode trazer vários riscos, entre eles a desigualdade de acesso, a falta de interação presencial que afeta o desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais dos alunos e a distração com muitas informações disponíveis na internet, o que aumenta o tempo de tela e afeta a saúde mental e física dos alunos.
Quando questionadas se as tecnologias podem transformar a educação e de que forma, afirmaram que as tecnologias podem transformar a educação de várias maneiras significativas, como com o acesso a vários recursos e informações que podem tornar o aprendizado mais interativo e envolvente.
Concernente às soluções tecnológicas que podem ajudar os estudantes, declaram que são as plataformas de aprendizagem online, aplicativos, ferramentas digitais, recursos tecnológicos e laboratórios virtuais, que facilitam o trabalho dos professores e a aprendizagem dos alunos.
Questionadas sobre como imaginam a sala de aula do futuro, revelaram que deve ser inclusiva e que todos possam ter acesso independentemente de classe social, em um espaço onde haja alunos disciplinados e com interesse nos estudos, onde existam boas condições de trabalho e valorização do professor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões aqui apresentadas tratam dos desafios tecnológicos e das oportunidades na integração das tecnologias na prática pedagógica na perspectiva do professor do ensino fundamental. A análise dos dados evidencia pontos relevantes que marcaram o processo de ensino e aprendizagem nas aulas remotas e a visão dos docentes sobre a sala de aula do futuro.
Em virtude da suspensão das aulas presenciais, observamos que os professores enfrentaram muitos desafios para dar continuidade ao ensino em suas próprias casas. Essa nova forma de ensinar exigiu muito esforço e aumentou a carga horária do professor. As declarações dos docentes evidenciam a dificuldade para dominar os recursos tecnológicos quando relataram que pediam ajuda de quem tinha experiência no uso desses recursos para facilitar a sua atuação pedagógica nas aulas remotas.
Observa-se que, após o período da pandemia, os docentes sentiram-se mais seguros, depois de terem vivenciado a experiência das aulas remotas. Eles demonstram que sabem utilizar os recursos tecnológicos com mais facilidade, produzem seus materiais impressos e usam aparatos por intermédio da tecnologia, tornando, assim, as aulas mais atrativas. Nesse sentido, “podemos ensinar e aprender de inúmeras formas, em todos os momentos, em múltiplos espaços” (MORAN, 2015).
Percebe-se que a qualidade da educação está cada vez melhor, tanto o ensino à distância quanto o presencial, tendo em vista que alguns profissionais da educação que tiveram capacitação aprenderam ou ampliaram seu conhecimento acerca das tecnologias digitais.
Com relação à sala de aula do futuro, a visão dos professores do ensino fundamental revela que ainda há a necessidade de os docentes aprenderem a manusear os equipamentos tecnológicos para enfrentar novos desafios que surgirão. Nessa perspectiva, estudos e reflexões devem ser realizados para potencializar a formação continuada com relação à inserção das tecnologias na educação, para que se possa contribuir de forma significativa no processo de ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 544, de 16 de junho de 2020. Brasília, 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-544-de-16-dejunho-de-2020-261924872. Acesso em mai. 2024.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
GASPARIN, R. O Gestor e a Formação dos Professores para o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação. 2014.
GUIMARÃES, Valter Soares. Formação de professores: saberes, identidade e profissão. Campinas, SP: Papirus, 2004.
MARTINS, Sandra Cristina Batista, et al. As Tecnologias na Educação em Tempos de Pandemia: Uma Discussão (Im) pertinente. Interacções, 2020,16. 55:6-27.
MERCADO, Luís Paulo Leopoldo et al. Formação docente e novas tecnologias. In: IV Congresso RIBIE, Brasília. 1998.
MORAN, José Manuel. Como utilizar a Internet na educação. Ciência da informação 1997, 26: 146 -153.
______________. Educação híbrida: um conceito-chave para a educação, hoje. Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso p.27-45, 2015.
PERRENOUD, F. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.
SANTOS, N. Espaços Virtuais de Ensino Aprendizagem. São Paulo: Infolink, 1998.
SOUZA, I. R. L; MAGALHÂES, H. P. de. Intersecções entre culturas midiáticas e cibercultura e game cultura. Revista Cultura Midiática, ano 01, n. 01, jul/dez 2008.
VALENTE, José Armando. Computadores e conhecimentos: repensando a educação. Campinas: UNICAMP, 1993
ZIPPIN, Mirian Paura Sabrosa. Educação Tecnológica: desafios e perspectivas. São Paulo, Ed. Cortez, 1999.

TRIGUEIRO, Valdiza Alves Gadelha. Desafios e oportunidades na integração da tecnologia na prática pedagógica: uma análise na perspectiva do professor no Ensino Fundamental. Revista Brasileira de Educação Básica, Belo Horizonte – online, Vol. 8, Número 33, Janeiro – Abril, 2025, ISSN 2526-1126. Disponível em: (link). Acesso em: XX(dia) XXX(mês). XXXX(ano).
Imagem de destaque: Foto de BBC Creative na Unsplash